Que se passa na Bela Vista?

Em artigo de opinião, pároco do Bairro, Pe. Constantino Alves, diz que é fundamental «remover» as causas que levaram aos picos de violência Meia dúzia de jovens desordeiros e violentos, por isso, um problema de polícia? Uma leitura simplista dirá que sim e que criará a falsa ideia de que o aumento da acção policial resolverá o problema. Isso é uma análise de quem não palmilha o terreno deste bairro e não conhece as suas gentes. Todos de acordo de que a violência é condenável e que só gera violência e que urge repor a ordem pública. E depois disso? Considero que estes picos de violência (em dois meses e meio, três jovens morreram violentamente), são “excrecências” de cancros e tumores sociais em evolução permanente e que além do tratamento é necessário remover suas causas. Existe um “sufoco” que recai sobre um parte significativa desta população e particularmente dos jovens. Índices de desemprego, pobreza e exclusão social elevadíssimos, degradação habitacional que afastam qualquer visitante, elevado número de famílias desagregadas afectivamente, impotência para por si sós resolverem os mais variadíssimos problemas, confrontados com a incúria ou desleixo, nomeadamente, muitas vezes, da Câmara e Segurança social que sentimentos germinam dentro dos adolescentes e jovens? O forte índice de analfabetismo e o abandono precoce da escola, deixam a faixa etária entre os 13 e 16 anos desprotegidos, abandonados a si e à rua, vulneráveis a aliciamentos apara a marginalidade. Uma sociedade de consumo que acena com ilusões e padrões sociais propostos a que muitos destes adolescentes e jovens não podem aceder criam a tentação do risco e do arranjar dinheiro como puderem! Sem vislumbrarem perspectivas de vida, surge-lhes um futuro e horizontes sombrios. Um bairro degradado, sem iluminação adequada, ou nenhuma, com um aspecto físico nada atractivo, sem espaços sociais e de convívio, abandonado a si mesmo que não atrai ninguém, que nos faz esperar? Famílias numerosas quase enjauladas, e sobrepostas, em reduzidas habitações, que já perderam a esperança duma casa, pois há dezenas de anos que não se constrói habitação social em Setúbal, que educação podem dar a seus filhos? Se é verdade que a maioria da população, numa riqueza intercultural impressionante, é pacífica e trabalhadora, não deixa de ser verdade que há aspirações e direitos abafados, tensões contidas que explodem e conduzem a atitudes aventureiras e de desespero quando menos se possa esperar! Não há soluções fáceis. A responsabilidade é de todos, embora em graus diferentes (Governo, Câmara, Segurança social, Junta de Freguesia, as diversas instituições e moradores), pois são patamares bem diferenciados. Mas nenhum por si mesmo, sem um projecto aglutinador poderá ensaiar respostas que erradiquem as causas profundas da exclusão social e da violência. A Igreja pela acção individual dos seus cristãos e por diversos serviços, partilha de alimentos, Caritas, Programas Escolhas 3ª geração, Univa, Centro de Apoio a Imigrantes (CLAII) diversas parcerias solidárias vai caminhando com este povo numa titude de serviço e testemunho de Jesus anunciador da Boa Nova aos pores e oprimidos Constantino Alves, pároco da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição Notícias relacionadas • Bela Vista: Bispo de Setúbal apela ao diálogo

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