Que diferenças entre a oração de um judeu, uma muçulmana e um cristão?

O testemunho das três religiões no ICNE em Bruxelas O ecumenismo e a oração unem os congressistas no início do sexto dia do Congresso para a Nova Evangelização, que decorre até Domingo em Bruxelas. A oração é o tema em destaque na conferência da manhã, com a particularidade de ser proferida por pessoas de diferentes religiões. A Basílica do Sagrado Coração, nesta solarenga manhã em Bruxelas, começou por receber Albert Guigui, Grande Rabino de Bruxelas, que sublinhou a importância da oração como um «momento de graça, de abandono, de aceitação, um acto de humildade perante o seu Criador». Em hebreu «oração» diz-se «tefila» que significa também «julgamento». Segundo o rabino «a verdadeira oração consiste em despertar o homem para as suas responsabilidades. A oração é fonte de paz». E recordou os judeus que durante a Segunda Guerra Mundial «cantavam baixinho as suas orações», sendo esta a única forma de resistir «contra a tirania dos nazis». Seguidamente Hacer Duzgun, pertencente à comunidade muçulmana na Bélgica, veio partilhar a sua experiência de oração como muçulmana. Uma mulher de cabeça coberta, como tantas que se vêem nos transportes ou nas ruas de Bruxelas começou a sua intervenção com uma saudação: «Salaam», paz!. Hacer disse que todas as orações do ritual islâmico terminam obrigatoriamente com palavra «Salaam». Para Hacer Duzgun «todos os homens e mulheres são iguais na oração» e ambos conduzem a sua oração livremente. Esta muçulmana acredita que a oração «é uma viagem de paz. Cinco vezes por dia, todos os muçulmanos do mundo se voltam para Meca e rezam». Todos os cristãos são iguais nesta «atitude de oração, tanto Árabes e não Árabes, Marroquinos e Turcos, Europeus e Africanos», referiu. E manifestou a sua crença de que na «viagem que fazemos, há pontos comuns com as orações cristãs». Terminou a sua intervenção, não com a «paz», mas com o desejo de que «a paz esteja convosco». Segui-se Enzo Bianchi, conhecido especialista na « lectio divina». Juntou-se ao Congresso para sublinhar e partilhar a sua experiência na oração. «Não sou mestre na oração mas simples eco da palavra de Deus». Começou por dizer aos congressistas que todos os dias tenta «compreender o que é a oração». Para este sacerdote, fundador de uma comunidade ecuménica em Bose, na região de Turim, a oração requer «em primeiro lugar uma atitude de escuta, pois a oração não é uma procura de Deus, é antes uma resposta a Ele», sublinhando que « temos sempre muito para lhe dizer, mas escutá–Lo é mais difícil». A oração significa «acolher a nossa mais profunda verdade», sublinha Enzo Bianchi questionando «quantas vezes na oração se sentem ateus?» A oração requer abertura para haver comunhão e para isso «temos de assumir as nossas fraquezas, mas perceber que somos queridos por Deus». E só quem ora verdadeiramente e percebe «a riqueza da oração pode ser um evangelizador », pois é na « oração que o cristão louva a Deus e leva a acção de graças para a evangelização», assegura o sacerdote ecuménico. E finaliza dizendo que «quem evangeliza não leva nada de próprio aos outros, mas sim a experiência da oração». As palavras da conferência são acolhidas com grande entusiasmo. Uma congressista, polaca, veio ao Congresso a convite de um amigo que há dois anos esteve em Paris. «Estou muito feliz por estar aqui e depois quero ir para a minha terra levar as experiências que aqui vivi», diz confessando que gostaria de acolher o Congresso na sua cidade. Para esta polaca a oração «em todas as formas que a possas sentir é muito importante, assim como perceber outras maneiras de rezar». Outro participante, belga, afirma que a oração «é a base dos cristãos» e que, na sua vida, a oração tem uma presença importante. Para este congressista o Congresso está a ser «um sucesso e uma boa experiência». E sublinha a grande participação e oferta de actividades que se passam na cidade. Durante o dia os ateliers e acções de rua vão continuar a exprimir a Nova Evangelização na cidade de Bruxelas. De tarde D. José Policarpo, Cardeal Patriarca de Lisboa vai encontrar-se com todos os participantes portugueses no Congresso.

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top