Quatro más atitudes

José Luís Nunes Martins

Uma das ideias que podemos alimentar mais contrárias à verdade é a de que somos autossuficientes. Uma postura de independência em relação aos outros a todos os níveis, não os julgando necessários para construir a nossa vida ou felicidade. Trata-se de um erro que acaba por ter consequências desastrosas, pois quem dispensa os outros está, na verdade, a querer viver fora do único mundo que existe.

Eu preciso de ti. A minha felicidade depende da tua, pelo que tenho a obrigação de contribuir para o maior bem dos outros. Se escolher o egoísmo, não serei eu e estarei a desistir da felicidade.

Quem não experimentou já a tristeza profunda de ter uma alegria e não ter com quem a partilhar?

Outro dos erros que devemos evitar é o de catalogar os outros, etiquetá-los como se conhecêssemos bem a sua história, as circunstâncias em que vivem e o que se passa no seu coração. Cada pessoa é um universo. Se nem nós mesmos conseguimos compreender a nossa existência, por que razão nos julgamos capazes de julgar, dividir e classificar os que se cruzam connosco?

O que mais me enriquece? O que se identifica comigo num ponto concreto ou aquele que tem o que me falta? Não será o amor a atitude mais inteligente, na medida em que nos permite aprender e crescer com todos os que partilham momentos comigo?

Todos somos chamados a não julgar os outros, com a mesma força e verdade com que consideramos absurdo qualquer juízo a respeito das nossas identidade e autenticidade.

A hipocrisia é o terceiro destes erros. Ser dois a fingir que se é um. Exigir aos outros o que depois não se faz; desprezar outros que são, afinal, iguais a si! Demonstrar bondade falsa. Fingir tudo, ao ponto da sua autenticidade se perder no meio de tantas caras que se tem.

Uma armadura de mentira que nos afasta dos outros, da verdade e da paz.

Não é bom fingir ser o que ainda não somos. Melhor é lutarmos por sê-lo.

O hipócrita é um mal que quer parecer bem.

Por último, a altivez, a arrogância e o orgulho daqueles que querem ficar sempre em primeiro lugar. Julgam-se acima dos demais e sentem-se no direito de instrumentalizar os outros a fim de chegarem onde julgam ser o seu lugar. Esta mania da superioridade rebenta com muitas relações, pois, em vez de ajudar, de contribuir, de se dar, o orgulhoso exige e espera que os outros venham servi-lo.

Ao orgulho escapa a verdade simples de que a felicidade está em dar-se aos outros, não em servir-se deles. Prefiro dar e ter sempre muito para dar, do que ser tão carente que nada me satisfaça por completo por mais que me seja dado.

A falta de humildade é sinal de degradação interior.

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