Quaresma: Padre António Teixeira destaca caráter provocador do Papa

Pároco de Carcavelos analisa mensagem quaresmal de Francisco

Carcavelos, Lisboa, 04 mar 2014 (Ecclesia) – O pároco de Carcavelos, no Patriarcado de Lisboa, padre António Teixeira destaca a frase do Papa Francisco na sua mensagem para a Quaresma quando este escreve ‘desconfio de uma esmola que não dói nem custa’, considerando-a “provocadora”.

“Isto é claramente provocador, é um desafio à Igreja que se quiser levar a Quaresma a sério, se quiser levar as palavras do Papa a sério implica um saltar do nosso sofá e pantufas espirituais para uma adesão, uma encarnação do mistério de fé que é muito forte. O Papa une categoricamente o tempo forte da Quaresma à experiência do mistério da paixão e da morte de Jesus”, disse à Agência ECCLESIA o padre António Teixeira.

Para o pároco de Carcavelos, nos arredores de Lisboa, “o Papa distingue categoricamente a pobreza da miséria desafiando-nos a todos com esta palavra, que nos assusta, o despojamento”, sendo que o que ele quer dizer com isto é que “se não assumirmos essa dimensão da paixão, deste completar em nós o que falta à paixão de Jesus é uma quaresma demagógica, sem consequências pascais”.

O padre António Teixeira acredita que na sua mensagem o Papa Francisco desafia todos “a ir muito para além do tranquilizar a consciência porque se deu uma moedinha ou algo semelhante, desafiando-nos a ir mais longe, à assunção interior do estilo de vida de Cristo que se faz pobre e assim se torna rico aos olhos de Deus”.

“Quaresma é lutar com o Evangelho, com os critérios de Jesus contra essas misérias que não libertam o homem mas o asfixiam e o matam progressivamente”, sublinha o sacerdote.

O pároco de Carcavelos considera que a mensagem do Papa é especialmente dirigida para os padres e agentes pastorais que “facilmente dizem serem cristãos mas muitas vezes vivem um divórcio entre a fé e a realidade”.

“Vem-nos dizer a todos que ousemos sair da Igreja, que ousemos ir ao encontro dos que estão caídos à beira do caminho, desafiando-nos a colocar um ponto final na postura do sacerdote que muitas vezes passa pelo caminho e não se atreve a dar a mão e o coração a quem está nas margens da felicidade, da esperança, da dignidade”, explica o sacerdote.

“Infelizmente vivemos num tempo onde não é preciso ir muito longe para encontrar ovelhas perdidas, quiçá nem seja preciso sair da Igreja porque a ovelha perdida é aquele que está à margem, que se perdeu do Evangelho” e nesse sentido “há muita gente nas igrejas que não estão na órbita do amor, do serviço, só estão na órbita do lava-pés” e esses, considera o padre António Teixeira, “têm de ser ajudados não apenas na Quaresma”.

“É uma mensagem que nos dá força, nos encoraja, que nos abençoa a todos aqueles que temos a ousadia de sair da Igreja e ir à procura da ovelha perdida” e que mostra que “a Quaresma é sempre o potenciar, esta capacidade de nos tornarmos rosto, imagem, mãos e pés e coração de Deus, para que depois no resto da vida sermos capazes de continuar este estilo deste homem da Galileia”, conclui.

SN/MD

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