Coimbra, 19 fev 2017 (Ecclesia) – Paulo Neves, da Cáritas Diocesana de Coimbra, afirma que as pessoas vivem no meio de “empecilhos fastidiosos” que se ocultam da vista, sendo incapazes de no outro um dom, como sugere o Papa.
“O «empecilho fastidioso» é um autêntico dom para aquele que se encontra com ele. Neste encontro com o outro pode acontecer o encontro de si”, escreve Paulo Neves, na mais recente edição do Semanário ECCLESIA.
No artigo de opinião, a partir da mensagem do Papa Francisco para a Quaresma 2017, surge o alerta que o outro que se encontra, “sobretudo, na situação de fragilidade”, é “a oportunidade” para dar sentido à vida do rico, pois, a do pobre está garantida.
“É um desafio à nossa capacidade de atenção e, sobretudo, à nossa identidade humana e cristã”, observa.
Paulo Neves escreveu o seu comentário a partir da frase do pontífice argentino: "O próprio pobre à porta do rico não é um empecilho fastidioso, mas um apelo a converter-se e a mudar de vida”.
Neste contexto, explica que esses «empecilhos fastidiosos» “abundam” na sociedade e são visíveis, por exemplo, nos famintos, nos sem-abrigo, nos toxicodependentes e nos alcoólicos, nos imigrantes, nos presos, nos que pertencem a minorias étnicas e nos que têm outra religião.
“Os que não fazem as manobras certas e em tempo real na azáfama do trânsito, alguns que trabalham a nosso lado, alguns que nos batem à porta e até alguns que estão dentro da nossa própria casa”, observa Paulo Neves.
E, esses estorvos são ultrapassados “ocultando-os da vista”, ou “vociferando” contra eles, ora, “simplesmente, sendo-lhes indiferentes” mas ele “mais do que uma categoria” porque é um “ser particular” com um nome e uma histórica concreta.
“Aqui se poderá perscrutar, atrevo-me a dizer, uma espécie de Teologia do “empecilho fastidioso” como coração do Evangelho”, acrescenta Paulo Neves no artigo ‘Em busca da Ressurreição!’, na mais recente edição do Semanário ECCLESIA, dedicada ao tema ‘viver a Quaresma com o Papa’.
A Quaresma, que começa com a celebração de Cinzas (1 de março, em 2017), é um período de 40 dias, marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão.
CB/OC