Cardeal-patriarca refere-se a «contradições» sociais e afirma que os 40 dias de preparação para a Páscoa hão de levar “da distração à conversão”
Lisboa, 06 mar 2019 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa afirma na mensagem para a Quaresma que a “vastidão e peso dos problemas”, como a proteção de menores na Igreja, gera “contradições” que não devem levar à paralisação e apela à solidariedade para com a Venezuela.
D. Manuel Clemente disse que a renúncia da quaresmal deste ano, no Patriarcado de Lisboa, será para corresponder ao “apelo da Cáritas da Venezuela” e ao pedido de “proximidade e comunhão com os mais pobres do seu país, nas dramáticas circunstâncias em que vivem”.
Em cada Quaresma, a Igreja Católica propõe a oração, o jejum e a esmola como meios de preparação para a celebração da Páscoa.
Na mensagem para a Quaresma deste ano, o cardeal-patriarca de Lisboa afirma que em causa está um tempo de “graça e conversão”, nas “atuais circunstâncias, pessoais, sociais e eclesiais”, onde “são grandes as contradições” entre “o que devia ser e o que o contradiz”.
D. Manuel Clemente, lembra os “devastadores conflitos” que “tanto demoram em resolver”, o “desrespeito pelo ambiente e as agressões ecológicas” e refere-se à “proteção de menores” na Igreja como um “grave problema” que exige uma “solução radical”.
“O recente encontro promovido em Roma pelo Papa Francisco sobre ‘a proteção dos menores na Igreja’ enfrentou um grave problema que exige solução radical, reprimindo os abusos, apoiando as vítimas e prevenindo tais casos”, afirmou o cardeal-patriarca de Lisboa.
Na mensagem para a Quaresma, D. Manuel Clemente denuncia também as “trágicas notícias de violência doméstica, especialmente sobre mulheres”, a corrupção que “abala a confiança indispensável à vida social e institucional” e a defesa da vida humana.
“A proteção ativa de cada vida humana, da conceção à morte natural, continua à espera duma corresponsabilidade coletiva muito mais capaz, pois se trata da primeira alínea do nosso bem comum”, escreve o cardeal-patriarca de Lisboa.
Para D. Manuel Clemente, um “elenco” de problemas poderia levar uma paralisação pela “vastidão e peso dos problemas”, entre “o atordoamento mediático e a desistência de compreender e atuar”.
“Mas não poderá suceder de direito, porque a justiça nos impele a proporcionar a cada um o que lhe é devido – e a justiça divina se revela no comportamento de Cristo em relação ao bem de todos”, sustentou.
O cardeal-patriarca de Lisboa referiu que a “Quaresma orienta-se exatamente nesse sentido”, procurando a solução na “intimidade divina” que sustenta “em absoluto” e anima “sempre e em qualquer circunstância que seja, mesmo a mais difícil”.
“A Quaresma há de levar-nos da distração à conversão”, sublinhou.
D. Manuel Clemente refere-se também à mensagem do Papa para a Quaresma, apelando a uma “ecologia integral” que “supere de vez o egoísmo que desarmoniza a totalidade em que devemos viver”.
Na mensagem para a Quaresma deste ano, o cardeal-patriarca de Lisboa informa que a renúncia quaresmal de 2018 juntou 236.344,94 euros, que o Patriarcado de Lisboa destinou à construção duma escola em Cattin (Bangui), na República Centro-Africana, das Irmãs Oblatas do Coração de Jesus.
PR