Publicações: «Quando a Igreja desceu à terra», testemunho de quem viveu o Concílio Vaticano II

Livro-entrevista assinala 50 anos da abertura da reunião mundial de bispos

Lisboa, 03 out 2013 (Ecclesia) – O jornalista António Marujo assina o livro-entrevista ‘Quando a Igreja desceu à terra’, com os padres António Rego e Ramón Cazallas, que contribuíram com “Testemunhos de Memória e Futuro nos 50 anos do Concílio Vaticano II”.

“[O Concílio] foi um caminho novo que se abriu, uma perspetiva que se ofereceu e que ainda hoje está a produzir os seus frutos apesar de ser necessário aprofundar melhor e ainda afrontar mais as grandes questões que são colocadas no nosso tempo”, revela o padre António Rego.

“Para mim foi um desafio muito grande refrescar, revisitar esse acontecimento que marcou a minha vida, que marcou e marca a vida da igreja mas que não faz apenas parte de um passado e ai é que está o seu segredo”, acrescentou o sacerdote e jornalista, à Agência ECCLESIA.

O padreespanhol Ramón Cazallas, do Instituto Missionário da Consolata, há 50 anos era um jovem seminarista que estudava em Roma e recorda o contacto com direto com quem participava no Concílio Vaticano II: “Os bispos conciliares vinham ao seminário e contavam-nos a sua experiência e coisas que não se sabiam como algumas ideias teológicas e as diferentes tendências do concílio mas pediam sempre segredo”.

“Era impressionante ver as assembleias dos bispos quando saiam de S. Pedro, todos vestidos de vermelho, viam-se em carros privados mas alguns, com a sua simplicidade, vinham nos autocarros connosco, que era algo inaudito naquele tempo: Como o D. Hélder da Câmara [bispo brasileiro, faleceu a 27 de agosto de 1999] sentavam-se na calçada das paragens dos autocarros”, exemplificou o sacerdote.

A apresentação decorreu esta terça-feira, na livraria Ferin, em Lisboa, e o autor, o jornalista António Marujo, assinala que em Portugal “não se publicou quase nada” a “pretexto” do cinquentenário do Concílio Vaticano II, por isso, pretende que o livro seja “um contributo” para que se leiam os documentos do Concilio e por outro lado que a partir desses textos “se atue em termos pastorais e teológicos na Igreja e no catolicismo deste tempo e neste lugar”.

“A ideia foi tentar refletir sobre o que é que essa memória pode ter como consequência para o cristianismo e catolicismo contemporâneos e penso que esse exercício é conseguido sobretudo com estes contributos”, acrescenta António Marujo.

A edição de “Quando a Igreja desceu à terra” foi uma iniciativa do Instituto Missionário da Consolata que indicou ao jornalista os dois entrevistados.

Para António Marujo, o padre Ramón Cazallas: “traz a experiência extraordinária de ter sido missionário em terras distantes [Brasil] e que completa, de alguma maneira, a experiência de missionário das ondas hertzianas e da comunicação que é o ponto de partida do padre António Rego”.

E, 50 anos depois, o catolicismo continua a ser “uma proposta que se faz a todos”, como se verificou na Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi, do Papa Paulo VI.

“É uma proposta que respeita a liberdade mas que tem o direito de propor a sua originalidade” revela o padre António Rego que acrescenta: “Creio que o mundo hoje ainda precisa dos valores essenciais que o Concílio propôs que estão no Evangelho e que a Igreja vai tentando atualizar dentro das suas fragilidades”.

Segundo o padre Ramón Cazallas, vive-se “um grande momento para a Igreja recuperar essa primavera que de alguma maneira nos últimos 30 anos ficou um bocadinho sufocada. Há 50 anos as realidades políticas, sociais e religiosas eram diferentes mas o Concílio tem as bases e as raízes para dar resposta às grandes problemáticas de hoje”.

CB/OC

 

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