Publicação: «Diário de Viagem Costa do Marfim», a missão em desenhos

Voluntários dos leigos missionários da Consolata criaram testemunho inédito

Lisboa, 02 set 2014 (Ecclesia) – O livro ‘Diário de Viagem Costa do Marfim’ revela uma experiência de voluntariado em Marandallah através dos desenhos, das cores e do texto de Mário Linhares e Ketta Cabral Linhares.

“Para mim havia uma questão muito importante, saber como é que a missão e o desenho, as artes, se podiam conciliar, porque eu pensava que os médicos fazem muito mais falta em países destes”, revela Mário Linhares, dos Leigos Missionários da Consolata, que realiza “um trabalho muito próximo” deste instituto religioso desde 1997.

Uma pergunta que ao longo dos anos, “com os testemunhos de padres e irmãs”, estava “sem solução” até que na tese de mestrado o entrevistado decidiu “tentar conciliar o tema da religião, do cristianismo, com o desenho”, explica à Agência ECCLESIA.

O objetivo de registar o quotidiano na missão dos Missionários da Consolata em Marandallah, no norte da Costa do Marfim, surgiu como uma experiência de voluntariado diferente.

A ideia de publicar um livro-diário apareceu apenas quando se encontravam no local por sugestão dos sacerdotes presentes que também “deram algumas indicações” como o registo da “primeira casa” e emprestaram o “diário da missão dos primeiros tempos”, desenvolve Mário Linhares.

O autor conta que um dos primeiros desenhos que fizeram foi a dois chefes da aldeia, que tem quatro autoridades, cada um com a sua área, depois do ritual inicial de apresentação.

“Se havia desenho que tinha de correr bem era este, porque ele ia autorizar-nos a continuar a desenhar na aldeia, era um livre-trânsito, às vezes mostrávamos esse desenho quando íamos desenhar outras pessoas”, comenta o voluntário.

Mário Linhares recorda ainda o momento em que foi ver uma mina de ouro “a céu aberto” e pediu a um habitante que estava com um detetor de metais para o desenhar e “todos pararam para ver porque naquele momento o desenho era mais raro que o ouro”.

Por onde andassem a desenhar, os habitantes de Marandallah, que não estavam habituados a este registo, paravam “sempre” e rodeavam os missionários desenhadores para verem a ilustração aparecer.

O leigo dos Missionários da Consolata destaca que os habitantes faziam perguntas sobre a sua presença, por isso considera que “a missão não começa por imposição” mas porque as pessoas perceberem que “podem conversar, questionar”.

“Para nós, esta conversa intima e próxima sobre as motivações que nos levam a sair de um sítio para o outro é que verdadeira missão”, acrescenta Mário Linhares.

Atualmente, a missão internacional com um padre espanhol, português e congolês, conta também com um centro de alfabetização de adultos, várias paróquias e “acompanha mulheres com cursos específicos de valorização do trabalho”, informa Mário Linhares.

O livro “Diário de Viagem Costa do Marfim”, com 192 páginas, é uma edição bilíngue português/francês com desenhos, textos de enquadramento e algumas fotografias: “Houve sempre um trabalho de tentar fazer uma edição a um custo acessível para as pessoas adquirirem e ao mesmo tempo não descorando a autenticidade das páginas”.

PR/CB/OC

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