Religiosos sublinham que bispo emérito «não tem tido quaisquer cargos ou responsabilidades» na congregação
Lisboa, 29 set 2022 (Ecclesia) – A Província Portuguesa dos Salesianos manifestou hoje “profunda tristeza e perplexidade” perante as acusações de abusos sexuais de menores que envolvem o bispo timorense D. Carlos Ximenes Belo.
Em nota divulgada online, os religiosos destacam que o bispo emérito, religioso da congregação, foi recebido “como hóspede”, nos últimos anos, “a pedido dos seus superiores hierárquicos”.
“Desde que se encontra em Portugal não tem tido quaisquer cargos ou responsabilidades educativas ou pastorais ao serviço da nossa congregação”, acrescenta o comunicado, precisando que, desde que assumiu funções na Diocese de Díli (Timor-Leste), como administrador apostólico e bispo, D. Carlos Ximenes Belo “deixou de estar dependente” dos Salesianos.
“O pedido de hospitalidade foi por nós aceite com toda a naturalidade por se tratar de uma pessoa conhecida e estimada por todos. Sobre questões a respeito do conteúdo das notícias não temos conhecimentos para nos pronunciarmos, remetendo para quem tem essa competência e conhecimento”, conclui a nota.
O jornal holandês ‘De Groene Amsterdammer’ publicou esta quarta-feira testemunhos de alegadas vítimas de abusos sexuais que teriam sido cometidos, quando eram menores, pelo ex-administrador apostólico de Díli e Nobel da Paz.
A 26 de novembro de 2002, o Papa João Paulo II aceitou a renúncia de D. Carlos Ximenes Belo, então com 54 anos, com base no Cânone 401 § 2 do Código de Direito Canónico, ou seja, por motivos de “saúde precária ou outra causa grave”.
O responsável timorense aludiu então a problemas de saúde e à necessidade de um “longo período” de recuperação.
O núncio apostólico em Díli, D. Marco Sprizzi, disse esta quarta-feira à Lusa que o caso “está à atenção dos Dicastérios competentes da Santa Sé e da Secretaria de Estado de sua Santidade, o Papa Francisco”.
Já José Luis Guterres, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros de Timor-Leste, ouvido pela Renascença, afirma que nunca teve “conhecimento de que tenha havido algum inquérito ou alguma investigação da parte das autoridades, quer da procuradoria ou outros organismos da Igreja Católica” sobre as acusaçãões agora divulgadas.
OC