Paquistão: Bispos alertam para situação de catástrofe humana

«Os hospitais estão sobrecarregados e estão a mandar as pessoas embora» – D. Benny Travis

Foto: Caritas Internationalis

Lisboa, 29 set 2022 (Ecclesia) – Os bispos responsáveis pelas Dioceses paquistanesas de Karachi, Hyderabad e de Quetta alertaram para a situação de catástrofe humana que se vive neste país asiático, após as recentes inundações, num encontro promovido pela Fundação AIS Internacional.

“A dengue e a cólera estão a espalhar-se. Os hospitais estão sobrecarregados e estão a mandar as pessoas embora”, disse D. Benny Travis, bispo de Karachi, no sul do Paquistão, citado numa nota enviada à Agência ECCLESIA.

Segundo o arcebispo, faltam redes mosquiteiras para proteger as pessoas das infeções, entre outras coisas, e revelou também preocupação com os relatos de que as farmácias podem estar a reter o fornecimento de medicamentos, elevando os preços.

No final de agosto, as inundações das chuvas torrenciais das monções causaram a morte de pessoas e afetaram muitos milhões, que viram as suas casas destruídas ou danificadas.

O secretariado português da fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre refere que se calcula que “um em cada sete paquistaneses tenham sido afetados de alguma forma com as cheias”, que já foram classificadas como “as piores” da história do Paquistão: Mais de 1500 mortos, quase dois milhões de casas destruídas ou seriamente afetadas, tal como sete mil quilómetros de estradas ou 246 pontes.

O bispo de Hyderabad explicou que “as regiões remotas não estão protegidas contra inundações, apenas as grandes cidades”, contabilizando que “90 por cento da diocese está inundada devido à chuva intensa”.

“Muitas igrejas, casas paroquiais e escolas foram danificadas pelas chuvas. As pessoas ficaram [na condição de] sem-abrigo e famintas, além das famílias que sofrem pela perda dos seus entes queridos”, acrescentou D. Samson Shukardin, no encontro online.

Já D. Khalid Rehmat, vigário apostólico de Quetta (Paquistão ocidental) lembrou que o país é pobre e que têm muitas assimetrias sociais, mas não têm faltado exemplos de solidariedade: “As pessoas são pobres, mas generosas”.

Os três bispos assinalaram que se tem destacado o trabalho da Igreja e o papel solidário da comunidade cristã: “As pessoas valorizam a Igreja como um lugar confiável para obter assistência de emergência”, informa a AIS.

A fundação pontifícia está a desenvolver projetos de ajuda humanitária de emergência para apoiar as dioceses que “estão em maior dificuldade”, para a Diocese de Hyderabad aprovaram “um apoio para cerca de cinco mil famílias através de cabazes alimentares para um mês”, ajuda em dinheiro para quem está em situação mais vulnerável, abrigos temporários, unidades de saúde móveis, e entrega de artigos básicos essenciais, como as redes mosquiteiras e repelentes, e está a apoiar também igrejas e infraestruturas comunitárias que ficaram danificadas.

CB/OC

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