Proteção de Menores: Conferência Episcopal Espanhola reiterou «pedido de perdão às vítimas»

Provedoria da Justiça divulga relatório sobre Abusos sexuais na Igreja e na sociedade, que indica que 0,6% dos inquiridos disse ter sofrido abusos por parte de um sacerdote ou religioso católico

Madrid, 31 out 2023 (Ecclesia) – Os bispos da Conferência Episcopal Espanhola (CCE), que participaram na Assembleia Plenária Extraordinária, expressaram “a sua dor” pelos danos causados ​​por alguns membros da Igreja Católica com abusos sexuais e “reiteraram o seu pedido de perdão às vítimas”.

“Da mesma forma, expressaram o desejo de trabalhar juntos na reparação integral das vítimas e aprofundar os caminhos para a sua proteção, o seu apoio e a prevenção dos abusos”, lê-se num comunicado publicado, esta segunda-feira, após a assembleia plenária extraordinária, que contou com a participação de 88 bispos.

Na sexta-feira, dia 27 de outubro, a Provedoria da Justiça de Espanha apresentou um relatório com dados sobre abusos sexuais na Igreja e na sociedade, perante o Congresso dos Deputados, após um inquérito a 8013 pessoas; o documento ‘Uma resposta necessária’ indica que 11,7% dos inquiridos sofreu abusos sexuais antes dos 18 anos de idade.

Quanto ao contexto eclesial, 0,6% dos inquiridos disse ter sofrido abusos por parte de um sacerdote ou religioso católico, “número semelhante ao encontrado em estudos realizados noutros países”, indica o relatório.

“Os abusos cometidos na Igreja doem. Também surpreende a extrapolação feita a partir dos dados obtidos numa pesquisa anexa ao relatório. Não correspondem à verdade nem representam o grupo de sacerdotes e religiosos que trabalham com lealdade e dedicação da vida ao serviço do Reino”, referem os bispos católicos espanhóis.

Os bispos “valorizaram” o relatório do Provedor de Justiça, que foi convidado a participar nesta assembleia extraordinária do episcopado espanhol, e numa primeira abordagem ao seu trabalho destacaram “os testemunhos recolhidos junto das vítimas”, que lhes permite colocar “as vítimas no centro”.

As recomendações propostas pela Provedoria da Justiça de Espanha “também foram consideradas valiosas”, e os 88 bispos da Assembleia Plenária confirmaram que, “em grande medida, são convergentes com outras propostas” da CEE.

“O estudo do Provedor de Justiça apresenta uma visão geral do problema que vai além da Igreja; um único caso de abuso é intolerável; A Igreja quer contribuir para a erradicação do abuso sexual na infância em toda a sociedade e, para o fazer, coloca a sua triste experiência ao serviço da sociedade, num espírito de colaboração.”

Neste contexto, a Assembleia Plenária da CCE junta-se ao pedido do Provedor de Justiça que “insta o Estado a implementar as recomendações às suas diferentes instituições”, para assumir a sua responsabilidade na tarefa conjunta de “pôr fim a este flagelo que afeta a toda a sociedade”, como salienta o mesmo relatório.

“Não ter em conta a magnitude do problema e a sua dimensão largamente extraeclesial significa não enfrentar as causas do problema e perpetuá-lo no tempo. Além disso, concentrar-se exclusivamente na reparação das vítimas da Igreja discriminaria a maioria das vítimas, transformando-as em vítimas de segunda classe”, acrescentam.

Os bispos participaram presencialmente (31) na sede da CEE, e por videoconferência (57), na assembleia plenária extraordinária da CEE tinha outro ponto de agenda, para além do relatório, o estudo do pedido do Escritório Cremades & Calvo Sotelo para “prorrogar o prazo de entrega dos trabalhos” que está a realizar em nome do episcopado católico, neste campo; sobre este segundo ponto, informam que vão decidir na assembleia de novembro.

Já esta terça-feira, a Conferência Episcopal Espanhola realizou uma conferência de imprensa, com o seu presidente, o cardeal Juan José Omella, e o secretário-geral, monsenhor Francisco César García Magán, sobre a reunião desta segunda-feira.

A CEE informa também que assistiram à assembleia extraordinária, o presidente da Conferência Espanhola de Religiosos (CONFER), o seu secretário geral e a secretária geral adjunta.

CB

 

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