70×7: Um programa há 40 anos a comunicar por parábolas

Professor Universitário Carlos Capucho analisou a exploração da linguagem simbólica nesta narrativa televisiva

Lisboa, 18 out 2019 (Ecclesia) – O professor universitário Carlos Capucho defendeu uma tese de mestrado onde analisou a “visão do simbólico” em quatro episódios do ‘70X7’, considerando que “era a linguagem onde funcionava”, com uma “dimensão rica para perceber conteúdos” do Evangelho.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, o docente contextualizou que trabalhava no “território do audiovisual” e estava “muito marcado por uma visão do que era o simbólico” e o programa 70×7 “oferecia perspetivas muito interessantes”.

“O período que selecionei entre 1982-1988 apanhou quatro programas: Dois eram do cónego António Rego, dois do Manuel Vilas Boas”, lembrou Carlos Capucho.

Os temas foram ‘A Cartuxa’ de Évora, que encerrou este mês, “um programa extraordinário” que se “tornou agora emblemático pela circunstância”, ‘O Som do Silêncio’, ‘A Terra e o Pão’, ‘A Cinza e a Morte’, inspirado nos “incêndios que no verão anterior tinham assolado o país”.

Carlos Capucho

A temática da morte “é feita pela devastação que nos campos, nas casas e nos cemitérios tinha feito desaparecer, consumir tudo”, acrescentou sobre o programa emitido em novembro de 1985 e que ganhou um prémio do Festival Ecuménico Europeu.

“Era um território excelente para trabalhar a visão do simbólico no audiovisual e concretamente no audiovisual televisivo que era a linguagem onde funcionava o 70X7”, realça, sobre o objeto de análise na tese de mestrado em Comunicação Educacional Multimédia, na Universidade Aberta.

Carlos Capucho lembra que para verificar até que ponto a dimensão do simbólico “era transmissível do ponto de vista da comunicação” fez inquéritos, “relativamente simples”, com vários itens para analisar como essa dimensão era “recebida, compreendida e interpretada”, depois de mostrar uma parte do programa 70X7 com o conteúdo em estudo.

“Em maior ou menor grau, as pessoas eram sensíveis a esse tipo de linguagem. Quando eram envolvidas por uma dimensão que lhes afetava o quotidiano, ou que do ponto de vista da sua origem, rural por exemplo, como o programa sobre o pão, as pessoas apreendiam os valores simbólicos que lá estavam com maior facilidade”, desenvolveu.

Neste contexto, destacou que quando os valores simbólicos “eram mais subtis” também eram “mais complicadas” da compreensão porque “a construção simbólica era mais complexa”, como no programa sobre os monges cartuxos, emitido em abril de 1982 e que venceu um prémio da Associação Católica Internacional de Cinema e Televisão.

Para Carlos Capucho pela “qualidade” o ‘70×7’ sempre se pautou na realização dos programas por “um olhar na linha da parábola”.

“Era uma dimensão rica para perceber conteúdos de vivência da mensagem evangélica traduzida na dimensão quer daquilo que a Igreja ia vivendo no quotidiano, semana a semana, quer naquilo que repassava na vida das pessoas para além da vivência eclesial mas para os cristãos católicos era muito importante que percebessem e integrassem nas experiências que tinham”, acrescentou.

Para o professor universitário, o nome do programa, ‘70×7’, que começou “não longe” do 25 de abril de 1974, é um trabalho do “ponto de vista simbólico, na linguagem bíblica, e era um esteio muito importante para ser explorado”.

A primeira emissão do programa ‘70×7’ foi no dia 21 de outubro de 1979, depois do primeiro ano como programa quinzenal passou a ser emitido todas as semanas, em novembro de 1980.

Este domingo, o ‘70×7’, que passa na RTP2, às 17h45, assinala os 40 anos de emissão na RTP com depoimentos dos fundadores do programa, António Rego e Manuel Vilas Boas, e a análise de Carlos Capucho e José Lopes Araújo.

O presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa assinala também 40 anos do programa 70×7 com uma mensagem.

HM/CB/PR

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