D. Carlos Azevedo mostra-se preocupado com a ausência de «soluções operacionais», que tornem possível a reinserção dos presos na sociedade
Fátima, Santarém, 08 Fev (Ecclesia) – O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social mostrou-se hoje preocupado com a falta de soluções que favoreçam a reinserção dos reclusos na sociedade, aquela que é uma das principais metas traçadas pela Pastoral Penitenciária.
“Não se encontram formas operacionais de o realizar e ainda aparece a prisão como quase a única forma de reabilitação das pessoas” lamenta D. Carlos Azevedo, em declarações à ECCLESIA.
No dia em que caiu o pano sobre o 7.º Encontro Nacional da Pastoral Penitenciária, sob o tema «Prisões – Um desafio à sociedade», o bispo auxiliar de Lisboa recorda que nem sempre “o tempo de privação de liberdade” serve para “a pessoa sair melhor do que lá entrou”.
Na opinião do prelado, falta sobretudo “uma renovação do sistema”, e também uma mudança de mentalidade, na forma como se encara o recluso.
“Nós temos muita dificuldade em tentar perceber o outro. É o dom do entendimento, um dom do Espírito Santo, ser capaz de me pôr na pele do outro” sublinha D. Carlos Azevedo, lembrando que muitos dos presos não tiveram grandes oportunidades, a nível de educação, de família, de condições económicas e sociais.
Para o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social, “promover a justiça e a liberdade deve ser uma tarefa de todos na Igreja”, não só indo visitar os presos mas numa “atitude muito mais transversal”.
“Tem de ser algo que diz respeito a todos, ao sistema urbano, educativo, judicial, encontrar novas alternativas à punição da liberdade” reforça.
Mais do que remediar, a prioridade da Igreja deverá estar na “prevenção”, procurando também estar mais próxima daqueles que, todos os dias, acompanham de perto a situação dos presos.
“São pessoas que vivem no dia a dia as aflições das pessoas que estão presas, porque as visitam, escutam os seus dramas, tentam encontrar trabalho quando eles saem, e por vezes sentem-se um pouco impotentes” explica o prelado.
Devido a estas dificuldades e à necessidade de uma orientação por parte da Igreja, os responsáveis pela Pastoral Penitenciária aproveitaram este Encontro Nacional para solicitar à Comissão Episcopal da Pastoral Social uma nota pastoral sobre esta temática.
JCP