Prior de Taizé abre encontro europeu com olhar sobre a China

Ir. Alois saúda jovens presentes em Poznan, falando sobre o sentido de acreditar

É uma enorme alegria estarmos todos juntos. Pela quarta vez temos o Encontro Europeu na Polónia: duas vezes em Wroclaw, uma vez em Varsóvia e agora em Poznan. Pela quarta vez, os jovens da Europa descobrem a bonita hospitalidade das famílias polacas.

Quando chegaram, todos receberam a «Carta da China». A interrogação que me guiou na redacção desta carta foi a seguinte: Porquê acreditar hoje em dia? Quais são as razões que podem levar a acreditar em Deus, a acreditar em Jesus Cristo?

Com dois dos meus irmãos, fiz uma visita de três semanas aos cristãos da China. O que me tocou, nesse país, foi ver que em muitos jovens está presente uma espera espiritual. Encontrei jovens que não eram crentes e que se voltam agora para a religião.

Uma mulher idosa disse-nos: «Depois de tantos anos em que nenhuma expressão da fé era possível, actualmente cada vez mais não-cristãos vêm ver como vivemos.»

Um jovem explicou-nos: «A alma chinesa sempre acreditou no céu, num além, e, as últimas décadas, não conseguiram arrancar isso. Felizmente, nestes últimos anos, a vida material melhorou; contudo, ao mesmo tempo, muita gente sente um vazio espiritual e procura um sentido para a vida.»

No Ocidente, mesmo tendo uma história bem diferente, não nos encontraremos perante perguntas semelhantes? O progresso económico, e mais ainda o questionamento actual desse progresso, não permite mais que fechemos os olhos. Não podemos deixar de nos interrogar: O que é que pode dar uma orientação à minha vida? Que meta é que vale a pena eleger?

Todos sentimos que é necessário haver grandes mudanças no nosso mundo. As estruturas das nossas sociedades e os modelos de pensamento do passado mostram-se inadequadas e insuficientes para que as pessoas e os povos possam viver juntos em paz.

Mas descobrimos também que a mudança necessária, em especial uma refundação do sistema económico e financeiro mundial, não acontecerá sem uma mudança do coração humano. Como lançar as bases de um sistema mais justo enquanto alguns continuarem a querer acumular riquezas em detrimento dos outros?

Reunimo-nos aqui para que cada um de nós inicie ou aprofunde uma tal mudança do coração.

A que fonte iremos beber para realizar esta mudança do coração? Em cada coração humano há uma espera, uma sede de vida em plenitude. É a espera de ser amado e de amar. Amanhã de manhã, nos pequenos grupos de partilha, irão reflectir sobre esta espera comum a todos.

Mas ao mesmo tempo, todos nós sentimos que esta espera raramente é preenchida e nunca o é para sempre. Longe de nos desencorajar, isto pode permitir que possamos descobrir e redescobrir uma comunhão pessoal com Deus. Não será esta sede que nos habita uma marca gravada por Deus em nós para que nos possamos voltar para ele?

Então porquê acreditar hoje em dia?

Ainda que importante, o progresso económico não pode saciar a nossa sede mais profunda. Esta sede abre o nosso coração para que escutemos a voz do Espírito Santo que murmura noite e dia dentro de nós: «És amado para sempre e sem retorno; e mesmo as provações da tua vida, ainda que reais e às vezes muito duras, não podem apagar este amor.»

E eis que o nosso coração muda. E não somente o nosso coração, mas também o nosso olhar e o nosso comportamento. O nosso discernimento afina-se: sem sermos ingénuos tornamo-nos mais capazes de dialogar, de nos voltarmos para os outros, de fazer da nossa vida uma peregrinação de confiança. E assim contribuiremos como cristãos para marcar o rosto do mundo que está a nascer.

 (Uma criança)

Todas as noites vamos dizer os nomes e rezar pelos povos que estão aqui representados. Saudamos esta noite os jovens da Noruega, da Suécia, da Finlândia, da Dinamarca, da Islândia, de Portugal, de Espanha, de Itália e de Malta.

Nos dois pavilhões em que estamos reunidos, a oração vai agora continuar através do canto e da oração em redor da cruz. Cada um poderá pôr a sua testa sobre a cruz para confiar a Deus os seus próprios fardos e os dos outros.

Pozna, 29 de Dezembro

 

A oração da noite de dia 31 de Dezembro (19 horas em Poznan, 18 horas em Portugal) será transmitida pela televisão TRWAM e poderá ser vista em directo na Internet.

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