Presidente do episcopado moçambicano em Portugal

D. Lúcio Andrice, Bispo de Xai Xai, apresenta situação da Igreja no país lusófono

O presidente da Conferência Episcopal de Moçambique, D. Lúcio Andrice, Bispo de Xai-Xai, encontra-se em Portugal a convite da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), com o objectivo de dar conhecer a realidade eclesial do país.

O prelado tem encontros marcados com responsáveis da hierarquia católica em Portugal e proferirá duas conferências sobre o Ano Sacerdotal e sobre a importância da formação de seminaristas em Moçambique. A primeira terá lugar já no dia 8 de Dezembro, em Fátima, a patir das 16h00, repetindo-se em Braga, no dia 9, pelas 14h30.

Em ambas as ocasiões, será apresentado o livro “Sacerdotes em Cristo”, uma edição da Paulus Editora em parceria com a Fundação AIS, onde são publicados textos de doze sacerdotes, convidados a dar o seu testemunho vocacional, exprimindo, em profundidade e em diferentes dimensões das suas vidas, as motivações da sua vocação para a vida sacerdotal, e as consequências das suas respostas vividas, bem como qual o significado do sacerdócio para cada um.

A AIS destaca a “forte componente solidária” da publicação, em que parte das vendas reverterá a favor de dois seminários em Moçambique: Jecua e Quelimane. A organização católica publicou recentemente um relatório onde aborda as dificuldades sentidas pelas comunidades católicas moçambicanas devido à falta de padres.

Até 11 de Dezembro, D. Lúcio passará por Lisboa, Fátima, Braga e Porto. Para além das questões ligadas à Igreja em Moçambique, o prelado traz consigo as preocupações derivadas das eleições gerais do país, a 28 de Outubro passado, que a Conferência Episcopal a que preside disse terem sido marcadas por “irregularidades em muitos lugares”, apesar de o período eleitoral ter decorrido em “ambiente de boa ordem, respeito mútuo e sem violência”.

Nas quartas eleições presidenciais, legislativas, e as primeiras provinciais, realizadas em 28 de outubro, Armando Guebuza, e o partido Frelimo, venceram a eleição, com 76% dos votos, seguidos de Afonso Dhlakama e da Renamo, com 16%.

“Apesar dos resultados finais serem evidentes e indiscutíveis, lamentamos que as garantias para “eleições livres, justas e transparentes” tenham sido frustradas em muitos lugares por irregularidades que não ajudam a boa formação política do nosso povo”, afirmaram os bispos católicos de Moçambique.

O Conselho Constitucional chumbou na semana passada o recurso da RENAMO, maior partido da oposição, que queria ver anuladas as eleições gerais por alegadas irregularidades.

O Bispo de Xai-Xai é um líder atento à situação do seu povo e em diversas ocasiões se tem pronunciado, por exemplo, contra a “escravidão” a que são sujeitos milhares de homens que emigram no Verão para trabalhar nas grandes plantações na Africa do Sul, mas regressam a casa, após seis ou sete meses de duro trabalho irregular sem ordenado e sem documentos.

Outro fenómeno assinalado pelo Bispo moçambicano de Xai-Xai são as deslocações de cidade para cidade, no interior de Moçambique, dos chefes de família, homens que nos períodos de seca vão à procura de trabalho.

Durante o último Sínodo dos Bispos, em Roma, D. Lúcio Andrice Muandula, afirmou que “os cristãos católicos envolvidos na actividade política em África experimentam uma grande solidão e um certo abandono por parte da hierarquia”.

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