Presidente da Conferência Episcopal apela à renovação interna da Igreja

Transformações da sociedade exigem novos modelos de acção, diz D. Jorge Ortiga

D. Jorge Ortiga, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), defendeu esta Segunda-feira, em Fátima, uma “mudança de paradigma pastoral” por parte da Igreja Católica, face às mudanças da sociedade actual.

“Talvez precisemos de rever os metros quadrados da nossa acção para partilharmos com confiança as alegrias, os anseios e tristezas da Igreja, das comunidades e das pessoas de hoje, como esperanças e interrogações de cada um”, disse o arcebispo de Braga.

Na abertura dos trabalhos da assembleia plenária dos bispos, que decorre de 8 a 11 de Novembro, D. Jorge Ortiga criticou o “paradigma eclesial demasiado clerical e jurisdicista” que se centra num “ritualismo sacramental e intra-eclesial”.

Para este responsável, a conjuntura actual “abre novas hipóteses e novos caminhos para levar o Evangelho ao mundo e para a evangelização da própria Igreja”.

“Espera-nos uma mudança radical de atitudes e comportamentos para que esta renovação chegue a tempo, sem se fechar no imediatismo e na voracidade do tempo”, declarou.

O arcebispo de Braga considera que “as transformações do mundo vieram redefinir as fronteiras da acção pastoral, colocando em causa uma pastoral eminentemente enquadrativa, liderada pela figura do pároco”.

Nesse sentido, apelou à participação alargada de clero, leigos, movimentos, ordens e congregações religiosas numa “renovação pastoral sustentada e alargada”.

O objectivo desta acção, prosseguiu, é desenvolver “uma evangelização que conduza ao encontro com Cristo, fraternalmente aberta e actuante, que toque na verdade de cada situação e de cada pessoa”.

Para o presidente da CEP, “o mundo necessita de uma Igreja viva, plural, na diversidade de pessoas e carismas” e de “cristãos com rasgos de esperança, capazes de abrirem caminhos novos e criativos nos diversos âmbitos pastorais face à nebulosa existencial”.

D. Jorge Ortiga lamentou, por isso, a “débil formação cristã dos leigos”, desejando um “laicado comprometido e idóneo, devidamente preparado e em profunda comunhão eclesial”.

O arcebispo de Braga assegurou a intervenção dos católicos “nos locais onde as estruturas do Estado não chegam ou desistem de chegar” e apelou à “partilha e à solidariedade de todos, sabendo que a sociedade espera gestos concretos da Igreja neste campo”.

“A presença de leigos cristãos na vida política, cultural, económica, financeira, na comunicação social, será certamente um contributo em ordem à humanização da vida pública”, observou.

A 176ª assembleia plenária da CEP analisa, durante os próximos dias, o projecto de “Inquérito 2011” sobre atitudes e representações da sociedade portuguesa face à Igreja.

Iniciativas de acção socio-caritativa e o processo “Repensar juntos a Pastoral da Igreja em Portugal” são outras questões alvo de debate. No final dos trabalhos, a CEP deve publicar uma Nota Pastoral sobre os 50 anos dos Cursos de Cristandade.

Depois do encerramento da Assembleia haverá, no dia 11 de Novembro, às 14h00, uma conferência de imprensa na qual será apresentado o comunicado final.

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