Portugal/Santa Sé: Jornada Mundial da Juventude é «bom sinal de esperança» para o pós-pandemia – António de Almeida Lima

Representante diplomático de Lisboa no Vaticano elogia luta do Papa contra «interesses instalados»

Roma, 30 jan 2022 (Ecclesia) – O embaixador cessante de Portugal junto da Santa Sé afirmou que a realização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2023, em Lisboa, vai ser um “bom sinal de esperança” para uma sociedade que procura sair das dificuldades da pandemia.

“Vejo aqui um desejo imenso de retomar a normalidade e poder realizar as Jornadas Mundiais da Juventude – esse reencontro dos jovens com o Papa em grande massa – poder realizar-se efetivamente, e ser um bom sinal de esperança”, assinala António de Almeida Lima, convidado da entrevista semanal Ecclesia/Renascença, emitida ao domingo.

O responsável, recebido pelo Papa a 20 de janeiro, em visita de despedida, admite que a pandemia veio “introduzir uma perturbação na organização”.

“Esperamos, evidentemente, que as coisas evoluam no sentido mais tranquilo e que nos permitam agora apressar mais essa preparação que é fundamental”, indica.

“É preciso apressar a preparação para não perdermos mais tempo, mas isso evidentemente cada diocese terá que o fazer na medida das suas circunstâncias, das suas capacidades e possibilidades. Vamos todos desejar que isso aconteça”, acrescenta.

O responsável diplomático diz ter encontrado no Papa Francisco, desde “o primeiro dia”, uma “grande admiração por Portugal e pelos portugueses”.

António de Almeida Lima elogia o papel da Santa Sé no cenário internacional, com atenção às “pessoas concretas” e sem interesses “instalados”.

“Veja-se o que tem sido todo o discurso do Papa Francisco no que diz respeito às questões dos refugiados e emigrantes. É uma preocupação concreta e que vai contra muitos interesses instalados, de ambos os lados”, refere.

O apelo de uma voz com a autoridade moral que o Papa Francisco tem ao mundo em geral para as preocupações concretas das pessoas não devem ser ignoradas pelos responsáveis políticos, se querem cuidar do bem-estar das suas populações e do desenvolvimento”.

O embaixador português reconhece que a “capilaridade” da Igreja Católica lhe permite “chegar mais cedo e mais perto das populações”, assinalando que, no caso dos alertas sobre a situação em Cabo Delgado, norte de Moçambique, o Governo esteve “em absoluta sintonia com o Santo Padre”.

Questionado sobre as relações bilaterais Portugal/Santa Sé, o entrevistado diz que estas são “estupendas” e sublinha o “grande entendimento de posições”.

“Para Portugal, é de todo o interesse apostar no multilateralismo, e nesse aspeto a advocacia papal é fundamental”, prossegue.

António de Almeida Lima afirma que Francisco se “preocupa imediatamente com todos as erupções de conflito que acontecem no mundo” e que podem ser “devastadoras para as populações”.

O responsável destaca a necessidade de valorizar o papel da língua portuguesa na Santa Sé, considerando que “ainda há um caminho longo a percorrer”.

“Temos de estar disponíveis, também, para dar o nosso próprio contributo à Santa Sé”, apela.

Henrique Cunha (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)

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