Portugal: Religiões querem contribuir para a preparação e celebração dos 50 anos do 25 de Abril

Publicação digital com testemunhos sobre «Liberdade Religiosa e Diálogo Inter-religioso» assinalou 20 anos da lei em vigor

Foto Agência ECCLESIA/HM

Lisboa, 22 jun 2021 (Ecclesia) – O Grupo de Trabalho para o Diálogo Inter-religioso (GTDIR) assumiu hoje que as religiões querem “contribuir” para a “preparação e celebração” dos 50 anos do 25 de abril de 1974, na conferência sobre os ‘20 anos da Lei da Liberdade Religiosa’.

“Atendendo à importância da Constituição da República e da Lei da Liberdade Religiosa para as confissões, sugerimos que também que as religiões possam contribuir para a preparação e celebração dos 50 anos do 25 de abril”, disse o padre Peter Stilwell, em representação do GTDIR.

A conferência ‘20 anos da Lei da Liberdade Religiosa’ foi promovida hoje pela Comissão da Liberdade Religiosa (CLR), em parceria com o Alto Comissariado para as Migrações (ACM, I.P.) e com o apoio do Grupo de Trabalho para o Diálogo Inter-religioso, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, e a sessão transmitida online.

Na intervenção ‘Diálogo Inter-religioso: Presente e Futuro’, o padre Peter Stilwell, do Patriarcado de Lisboa (Igreja Católica), indicou que pelo dialogo inter-religioso local e nacional “limam-se arestas, antecipam-se dificuldades, partilha-se desafios, mobilizam-se esforços”, e nesse que é “multidimensional, é o diálogo da vida”, por gestos simples de acolhimento que “a hostilidade dá lugar à hospitalidade”, e descobrem no outro um vizinho.

“A riqueza” do diálogo inter-religioso assenta em “laços de respeito, cumplicidade, e amizade” entre os representantes de cada religião, acrescentou o membro do GTDIR que congrega 14 das mais representativas comunidades religiosas em Portugal e nasceu em 2014.

O padre Peter Stilwell destacou a “laicidade positiva” mediadora do Estado, que “compreende a importância das religiões”, e recorrendo a uma imagem do desporto, afirmou que ao Estado compete “regular que o campo de jogo esteja nivelado, mas aos clubes acordar nas regras do jogo e na forma de arbitragem”, promovendo o profissionalismo e o respeito mútuo dos jogadores em campo.

“Não vão os responsáveis deste clube aliciarem à linha os adeptos do clube vizinho, o chamado proselitismo entre confissões religiosas, mas devem aceitar que numa sociedade aberta a atração natural que exerce uma boa equipa e partida bem jogada é qualquer coisa espontânea e natural”, prosseguiu.

Jorge Humberto, membro do Grupo de Trabalho para o Diálogo Inter-Religioso |Religiões-Saúde, alertou que a maioria dos hospitais “não tem a funcionar” o Serviço de Assistência Espiritual e Religiosa (SAER) que “é o garante que as pessoas possam ser assistidas”, observando que, “neste âmbito, há um longo caminho a percorrer”.

Na reflexão sobre a ‘Assistência Espiritual e Religiosa na Saúde’, o responsável destacou o trabalho que têm sido realizados pelo grupo de trabalho heterogéneo onde o respeito pela pluralidade religiosa, pela dignidade da vida humana, da pessoa perante o sofrimento, “pelo desenvolvimento de uma sociedade de misericórdia e compaixão e pela inviabilidade da vida humana são imperativos comuns”.

Na conferência ‘20 anos da Lei da Liberdade Religiosa’, foi apresentado um vídeo sobre este grupo onde “a diversidade e a diferença convivem com o respeito e diálogo”, e o trabalho comum que têm desenvolvido ao longo dos anos.

Neste contexto, foi lançada hoje uma a publicação digital ‘Liberdade Religiosa e Diálogo Inter-religioso em Portugal 2001-2021 – Testemunhos do GTDIR’.

Suryakala Chhaganlal, da Comunidade Hindu de Portugal, explicou que o grupo, “em benefício da liberdade e da diferença”, partilha através de “curtos textos, a visão de cada comunidade sobre a lei, o diálogo com outras comunidades e o que falta cumprir em ambos os campos”.

A conferência contou com diversas intervenções, entre outros, do presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa; da Ministra da Justiça, Francisca Van Dunem; do presidente da CLR, José Vera Jardim; e mensagens de Jorge Sampaio, presidente da República (1996-2006) quando foi aprovada a Lei da Liberdade Religiosa, em 2001, e do cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente.

Portugal assinala também hoje o Dia da Liberdade Religiosa e do Diálogo Inter-religioso, criado pelo Parlamento em junho de 2019.

CB/OC

 

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