Portugal: Prevenir abandono escolar implica medidas socioeducativas de fundo

Presidente da Associação Portuguesa das Escolas Católicas diz que é preciso ajudar famílias carenciadas e criar «projetos mais apetecíveis»

Aveiro, 21 nov 2012 (Ecclesia) – O presidente da Associação Portuguesa das Escolas Católicas considera que a elevada taxa de abandono escolar que se regista no país vai crescer ainda mais no futuro se não forem tomadas medidas socioeducativas de fundo.

Em entrevista concedida hoje à Agência ECCLESIA, o padre Querubim Silva chama a atenção para a importância de apoiar famílias que, “com a descida das prestações sociais” e o aumento do “desemprego”, se viram “privadas dos meios indispensáveis para sustentarem os seus filhos nas escolas”.

De acordo com o sacerdote, diretor do Colégio de Nossa Senhora da Apresentação, em Calvão, na região de Aveiro, são cada vez mais os pais “que têm dificuldades em comparticipar a parte que lhes compete ao nível da alimentação e do transporte dos filhos”.

“Há bastantes pessoas que solicitam um pagamento de forma faseada, e é preciso encontrar formas de evitar que os alunos acabem por abandonar a escola por falta de meios”, salienta aquele responsável.

Outro fenómeno que também tem contribuído para a subida da taxa de abandono escolar em Portugal é a “emigração” motivada pela “situação complicada do país”.

“Houve situações em que saíram dezenas de alunos, porque os pais emigraram e os filhos emigraram com eles” adianta o presidente da APEC.

A Comissão Europeia divulgou esta segunda-feira em Estrasburgo os dados mais atualizados sobre o abandono escolar precoce entre os 27 Estados-membros da União Europeia.

Portugal, com uma taxa de 23,2 por cento, apresenta o terceiro pior registo, atrás de Malta (33,5) e Espanha (26,5), sendo que a média europeia está situada nos 13,5 pontos percentuais.

O padre Querubim alerta para a necessidade de criar “projetos mais apetecíveis”, que vão “ao encontro de uma inserção na vida prática” e que “entusiasmem os alunos”.

“Se até agora a obrigatoriedade até ao 9.º ano já provocava esta taxa de abandono escolar, então com o alargamento até ao 12.º ano, até aos 18 anos, vão surgir com certeza situações mais complicadas”, conclui o líder da Associação Portuguesa das Escolas Católicas.

JCP

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