João Pedro Tavares destaca papel das empresas e elogia liderança do Papa, destacando movimento da «Economia de Francisco»
Lisboa, 18 jul 2022 (Ecclesia) – O presidente da ACEGE – Associação Cristã de Empresários e Gestores defendeu que é preciso ir “mais além” na resposta à atual crise, alertando para o peso dos impostos na vida das famílias e empresas.
“Aquilo que me parece é que se vai ter de ir mais além, para combater, de facto, estas situações de pobreza. É um bom sinal, é importante, mas tem de se ir mais além”, referiu João Pedro Tavares, em entrevista conjunta à Renascença e Agência ECCLESIA, a respeito das medidas de apoio anunciadas pelo Governo, nos últimos dias.
Para o responsável, as respostas às crises não podem passar por “buscar sistematicamente um novo imposto e uma nova taxa”.
Questionado sobre a criação de uma taxa sobre lucros excessivos, o presidente da ACEGE pede “transparência na forma como são utilizados os recursos do Estado, neste caso destas taxas”.
João Pedro Tavares espera que novas receitas fiscais possam, “de facto, corresponder a novos mecanismos de solidariedade”.
“Enquanto representante de empresários e gestores, devo considerar que existe uma taxa fiscal muito excessiva. Nós temos de criar oxigénio”, acrescenta.
Há uma sobrecarga muito grande que afoga famílias, afoga empresas e depois queixamo-nos porque as famílias não têm capacidade de a fazer crescer”.
O entrevistado aponta ao desafio de criar “melhores condições” para as famílias, melhores condições para as empresas e uma sociedade mais próspera e mais justa.
“Não me serve de nada uma sociedade que cria ricos e não cria uma riqueza que seja justamente distribuída”, precisa.
O presidente da ACEGE destaca a importância da reflexão do Papa Francisco, admitindo que “provoca um primeiro incómodo e, depois, provoca uma desinstalação”.
“Há aqui uma mobilização que não é apenas das empresas, é de toda a sociedade, em contexto profissional e empresarial”, aponta, recordando que a associação lançou uma certificação de empresas familiarmente responsáveis.
Os mais recentes dados divulgados pelo Eurostat – o organismo de estatística da União Europeia- apontam para cerca de 2,3 milhões pessoas em Portugal em risco de pobreza e exclusão.
João Pedro Tavares admite que este é “um número muito significativo” e representa “um desafio para a sociedade”.
“Quando falamos de responsabilidade social corporativa, a intenção não é plantar árvores nem pintar paredes. É, de facto, reconstruir vidas”, precisou.
Governar com cuidado e cuidar do governo, cuidar das pessoas, não ter esta perspetiva do lucro a qualquer preço. O lucro é apenas um meio para atingir um fim maior, que é criar valor para poder distribuir valor de uma forma justa”.
Na próxima quinta-feira, em Assis, começa uma nova edição da Economia de Francisco, com jovens de todo o mundo, incluindo Portugal.
“Este movimento vai ter um impacto significativo nos líderes empresariais, líderes políticos, líderes da sociedade, nos jovens, como novos líderes”, aponta o presidente da ACEGE, para quem o Papa “tem um sentido de urgência muito grande”, que transmite às novas gerações.
“Há aqui uma diversidade significativa. Isto não é uma realidade para o mundo das empresas, é uma realidade para a vida pessoal, a vida comunitária e para sociedade em geral”, prosseguiu.
Henrique Cunha (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)
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