Portugal: «Mafra Dialogues» têm como grande objetivo «falar da paz, falar do diálogo inter-religioso»

«O mundo precisa de paz, o mundo precisa de prevenir os conflitos», destaca Paulo Neves, presidente do IPDAL

Mafra, 12 mar 2025 (Ecclesia) – O encontro internacional ‘Mafra Dialogues’ começou com apelos à paz e à prevenção dos conflitos, como destaca o tema desta 5.ª edição, pelas três entidades organizadoras desta iniciativa, que termina esta quinta-feira, no Palácio Nacional de Mafra.

“Tem sido um fórum muito inclusivo e muito aberto de diálogo entre várias personalidades de origens diversas, de confissões diferentes, que procuram discutir os principais problemas da atualidade e encontrar caminhos para a paz”, disse o secretário-geral interino do Centro de Diálogo Internacional KAICIID, à Agência ECCLESIA.

Para António de Almeida Ribeiro, o tema ‘Diplomacia da Paz & Prevenção de Conflitos’, que dá mote aos ‘The Mafra Dialogues 2025’, “mais do que nunca é relevante, é importante”, e preocupa as pessoas, mas também “preocupa as comunidades, os países”, por isso, discutir como se pode evitar o agravamento dos conflitos e alcançar a paz é, mais do que nunca, absolutamente imprescindível e essencial”.

“O grande objetivo aqui é exatamente falar da paz, falar do diálogo inter-religioso, pôr políticos a falarem, governos a falarem, com o intuito de prevenir o conflito e fazer a paz no mundo”, destacou o presidente do Instituto para a Promoção da América Latina e Caraíbas (IPDAL).

Paulo Neves explica que nestes dois dias vão “falar muito da questão da Ucrânia, naturalmente”, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano vai estar “em direto”, mas também da questão de Israel com a Palestina, que “é um tema que está presente porque é um conflito e uma questão que preocupa a comunidade internacional”.

“A Europa vive uma guerra e quando nós falamos de prevenção de conflitos, quando nós falamos da necessidade da paz, temos que falar naturalmente da questão ucraniana, e faz todo o sentido, sempre que fazemos o ‘Mafra Diálogos’, também ter o tema do Médio Oriente”, acrescentou.

Segundo o presidente do IPDAL, “também tem toda a lógica” falar sobre “o Mar do Sul da China porque é uma zona com conflito latente”, que é uma “boa oportunidade para se prevenir a existência do conflito”, e outros conflitos no continente africano e no continente asiático.

Paulo Neves salienta que o encontro internacional ‘The Mafra Dialogues’ também tem sido lugar de “encontros bilaterais”, que se realizam em paralelo ao evento principal, e destaca ainda que participam “várias religiões que falam umas com as outras”, para além da coorganização com o KAICIID.

“As religiões são fundamentais para, com os decisores políticos e da sociedade civil, se procurar encontrar caminhos para ultrapassar as dificuldades e os conflitos, as tensões e o discurso de ódio”, realçou o secretário-geral interino do KAICIID.

António de Almeida Ribeiro acrescenta que é isso que faz este Centro de Diálogo Internacional “na sua essência”, sublinhando que ‘The Mafra Dialogues’ é uma conferência “com um interesse muito grande e com uma oportunidade absolutamente fantástica”.

O presidente do Instituto para a Promoção da América Latina e Caraíbas lembrou ainda que muitas instituições religiosas “já fizeram processos de paz”, como a comunidade católica de Santo Egídio e os processos de paz em Moçambique, e também já estiverem em Mafra, e têm presente a comunidade muçulmana “muito empenhada no discurso da paz, no discurso do diálogo inter-religioso”.

“Se as religiões estiverem empenhadas em fazerem processos de paz, em evitar conflitos, vai haver mais paz no mundo; não há nenhum líder religioso que esteja aqui presente que defenda a guerra, pelo contrário, todos defendem a paz, é por isso que é bom que os ter aqui connosco.”

O presidente da Câmara de Mafra realçou que nesta coorganização têm conseguido trazer ao município líderes políticos, líderes religiosos, e também a sociedade civil, para que consigam “discutir, debater, e trazer as boas práticas também naquilo que é a diplomacia internacional e os diálogos para a paz”.

“O nosso território, o nosso concelho, também acaba por ter orgulho em ser parte interveniente neste processo porque, de facto, a paz precisa-se em todo o mundo e na Europa também e, portanto, acaba por ser também um referencial de boas relações e boa diplomacia internacional aqui em Mafra”, salientou Hugo Moreira Luís à Agência ECCLESIA.

O cardeal português D. José Tolentino Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação (Santa Sé), enviou uma mensagem para esta 5.ª edição dos ‘Mafra Dialogues’, que foi lida pelo representando do Papa em Portugal, o núncio apostólico D. Ivo Scapolo, na sessão de abertura.

CB/OC

Foto: Agência Ecclesia/CB

Da América Latina, mais concretamente da Guatemala, viajou Vilma Rosaura Palax Tuy para participar nos ‘The Mafra Dialogues 2025’ que afirmou a importância do diálogo para entender o ponto da paz, porque “muitas vezes dizem que há paz, mas não há comunicação e diálogo entre as pessoas”, alertando também para a “desinformação de temas importantes”.

A entrevistada, fundadora da organização ‘Descendientes de Guatemaya’, que defende os direitos dos povos indígenas na Guatemala, salientou a importância dos direitos humanos, da Constituição e dos direitos de primeira geração à “liberdade, de escolher a religião”, por exemplo.

Vilma Rosaura Palax Tuy referiu também que as politicas da nova Administração Trump nos EUA estão a “afetar bastante” o seu país em concreto, porque “estão proibindo, por exemplo, a entrada das remessas, e estão deportando muitos guatemaltecos”, o que acaba por ter “muita intervenção no país”.

Esta quinta-feira, 13 de março, Vilma Rosaura Palax Tuy, que alertou ainda que “a má administração do fundo público faz com que a corrupção cresça e muitas pessoas emigrem para os Estados Unidos”, vai participar no painel ‘Diálogo Inter-religioso na América Latina’, a partir das 11h15, no Palácio Nacional de Mafra.

 

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