Portugal: Jesuítas analisam trabalho social desenvolvido junto das «periferias»

Assinalar o «Dia Mundial dos Pobres» foi uma das iniciativas em debate na Assembleia Social Inaciana

Almada, 04 abr 2017 (Ecclesia) – A Província Portuguesa da Companhia de Jesus (Jesuítas) promoveu uma assembleia social dedicada ao tema das “periferias” a partir do trabalho das 26 obras e movimentos da congregação junto dos mais carenciados.

“A primeira das duas intenções é fazer corpo, a segunda é diante do desafio do Papa ir às periferias, não ficar no já conhecido, ser capaz de repensar o que fazemos sobretudo junto daqueles que mais precisam”, disse o coordenador do setor social dos Jesuítas em Portugal, no Seminário de Almada.

Em declarações à Agência ECCLESIA, o padre Filipe Martins explicou que a Companhia de Jesus tem tido pessoas a trabalhar no social desde sempre, nas paroquias da Margem Sul, no Algarve e encontros como o que se realizou nos dias 31 de março e 1 de abril permitem que o mundo intelectual e social “se encontrem e haja partilha e enriquecimento de um lado e de outro”.

A Assembleia Social Inaciana é um encontro anual, que se realiza pela terceira vez, com técnicos e voluntários que trabalham numa ou em todas as 26 instituições ligadas à Companhia de Jesus em Portugal.

Rita Maio do JRS Portugal – Serviço Jesuíta aos Refugiados explicou que procuram seguir o exemplo do padre Pedro Arrupe e “dar apoio” a uma população que é “obrigada a sair da sua cultura, do seu contexto”.

“Acima de tudo procuramos, seguindo a missão de acompanhar, servir e defender, poder estar com eles, ouvir as suas histórias, dar-lhe voz, junto também das sociedades de acolhimento”, desenvolveu sobre as respostas que tentam criar para apoiar os refugiados, num serviço onde os voluntários também dão “testemunho da sua fé”.

Do Centro Paroquial da Mexilhoeira Grande, no Algarve, Humberto Martins assinalou que os princípios são de Santo Inácio e o carisma inaciano que é o que procuram “transmitir à comunidade”.

Fundada pelo padre Jesuíta Domingos Monteiro da Costa, a instituição atualmente serve 150 idosos em serviço de apoio domiciliário e centro de dia e tem o desafio de combater “o grande isolamento” numa freguesia rural onde existe uma “grande procura e pouca oferta”.

“As famílias não estão a ter capacidade para dar esta resposta aos seus pais”, analisa Humberto Martins à Agência ECCLESIA, sobre o Centro Paroquial da Mexilhoeira Grande que também apoia cerca 150 crianças nas valências de creche e ATL.

O coordenador do setor social dos Jesuítas em Portugal sublinhou a necessidade de “repensar sempre” como podem “servir mais e melhor”, algo que é pedido à Igreja.

“Em cada situação nova, num mundo que está sempre a mudar, agora os refugiados, as migrações, repensar como estar presente e ajudar da forma como sabemos e pudemos”, sublinhou o padre Filipe Martins.

Os trabalhos da Assembleia Social Inaciana foram acompanhados por representantes de obras sociais e por especialistas do setor económico e em Doutrina Social da Igreja, como a antiga presidente da Comissão Nacional de Justiça e Paz, Manuela Silva.

"Ponham as periferias no centro", foi o desafio final da economista aos participantes da Assembleia Social Inaciana, divulgam os Jesuítas.

Os participantes partilharam também ideias de como os 26 movimentos inacianos podem assinalar o Dia Mundial dos Pobres, a 19 de novembro, que foi instituído pelo Papa Francisco na Carta Apostólica ‘Misericordia et Misera’ e vai ser assinalado pela primeira vez em 2017.

HM/CB/PR

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