Situação exige respostas diferentes e «inovação social»
Fátima, Santarém, 11 set 2014 (Ecclesia) – Isabel Jonet encerrou o 29.º Encontro da Pastoral Social e destacou que os portugueses, mesmo na atual conjuntura económico-social, continuam a responder com “muita generosidade às muitas necessidades” e alerta para uma “nova forma de pobreza” em Portugal.
“Temos hoje um conjunto de pessoas que revestem uma nova forma de pobreza, nomeadamente famílias que nunca imaginaram que estariam nessa situação, que estão desempregadas, com créditos, e são requeridas novas respostas às quais não estávamos habituados”, revelou a presidente da Federação Europeia dos Bancos Alimentares.
À Agência ECCLESIA, Isabel Jonet explicou que esta nova realidade apresenta uma “certa componente de inovação social” e, sobretudo, “uma necessidade de afeto e atenção” com as instituições sociais “sabem lidar menos bem do que com a assistência pura e dura que era hábito”.
Sobre os chamados “profissionais da pobreza”, a presidente do Banco Alimentar Contra a Fome assinala que com as “novas ferramentas é cada vez mais fácil assegurar a transparência” mas acrescenta que cada pessoa “tem direito à sua dignidade e às suas escolhas”.
“Quando se ajuda uma família deve-se acautelar que essa família quer deixar de ser pobre e não encare a assistência como forma de vida. É preciso haver acompanhamento, supervisão para que se quebrem ciclos de pobreza porque em Portugal há a transmissão intergeracional da pobreza”, desenvolveu.
Para a responsável os portugueses “querem ver cada vez mais que a sua generosidade é bem utilizada” e querem ver transparência nessa aplicação pelas organizações de solidariedade social”, explicou a presidente da Federação Europeia dos Bancos Alimentares.
A entrevistada acrescentou que “aquilo que é certo”, para a sociedade, é que as instituições de solidariedade social “recebem um subsídio do Estado” para as funções que desempenham e “se estão sistematicamente a sobrecarregar com campanhas”, os paroquianos e o cidadão comum, têm de “dar contas”.
Questionada sobre a participação dos cristãos na política a responsável destacou que considera este exercício de serviço público “a expressão maior de bem comum que pode existir” quando não existe a “necessidade de ter cargos ou reconhecimento”.
Isabel Jonet considera também que “há todo um trabalho a fazer” e que “aos partidos competiria fazer uma lavagem interna” para recuperarem o que “é o serviço público e que é a maior nobreza que pode haver no exercício da política”.
No 29º Encontro da Pastoral Social, a conferencista assinalou que hoje existe “muito voluntarismo” que por vezes “se sobrepõe” às respostas que já existem nas paróquias/freguesias e alerta que é preciso fazer este exercício da solidariedade de forma integrada “para que não seja necessário” e “não como exercício de poder que desvirtua a noção de amor que o Papa propõe”.
Nesse sentido, interlocutora destaca que Portugal tem “a sorte de ter muitas estruturas”, a maioria ligadas à Igreja Católica, “que dão uma resposta social muito boa, adequada às necessidades da população”, nomeadamente às pessoas mais envelhecidas.
A presidente da Federação Europeia dos Bancos Alimentares alerta também para a necessidade de “mais gestão”, das instituições trabalharem em rede porque “os recursos são escassos”.
“É possível com todas as novas tecnologias e ferramentas partilhar recursos e introduzir técnicas de gestão e organização”, acrescenta a responsável que aconselha também que as instituições sociais aceitem “o apoio de voluntários com competências específicas”.
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