Portugal: Instituições de solidariedade assumem desafios no quadro da «Estratégia Europa 2020»

Presidente da Confederação Nacional do setor sublinha «forte componente cristã»

Lisboa, 10 out 2014 (Ecclesia) – O presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) participou hoje no seminário ‘Setor Social e a Estratégia Europa 2020’ e explicou que Bruxelas desconhece o contributo destas instituições na economia social em Portugal.

“Bruxelas tem ideia de que a Europa é uma só e o que há de economia social é aquilo que é feito pelo corporativismo, mutualismo e filantropia com fundações mas a realidade portuguesa é muito diferente. Fundamentalmente são as comunidades, com uma forte componente cristã, que se organizam”, explicou o padre Lino Maia, à margem do encontro promovido pela União Distrital das Instituições Particulares de Solidariedade Social de Lisboa (UDIPSS).

Num painel sobre “a situação atual e perspetivas de futuro nos eixos”, o responsável apresentou “a visão e o papel das IPSS” onde foi também apresentada a visão da “natalidade/infância/família”; “saúde”; “envelhecimento”.

À Agência ECCLESIA, o sacerdote destaca a ação da Igreja que tem um “grande contributo inspirador e no terreno” para que as pessoas se organizem para responder na área da educação, da proteção social, saúde e desenvolvimento do território.

“Isto é a realidade portuguesa que na Europa não se sabe o que isto é e pensa-se que é o Estado que faz quando de facto o Estado reconhece, contratualiza e também financia em parte o que este setor faz mas são sobretudo as comunidades, as pessoas, que se organizam”, frisa o presidente da CNIS.

No horizonte da ‘Estratégia Europa 2020’, o responsável revela alguns desafios das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), a começar pelo “reconhecimento que a realidade portuguesa é diferente das outras”.

Nesse sentido, o entrevistado assinala que os apoios e os investimentos “não podem ser só para as autarquias, para as cooperativas e mutualidades” porque para uma “verdadeira inclusão social” é preciso apoiar as IPSS.

“Houve momentos em que temi que isso não fosse considerado mas há uma grande fatia de apoios para que este setor seja o grande agente da inclusão social”, observa.

O padre Lino Maia destaca ainda outras preocupações da ‘Estratégia Europa 2020’ que espera que sejam uma realidade, como o aproveitamento de equipamentos e a sua reconversão e a reativação de atividades, mas frisa o foco da ação no emprego.

“Sobretudo no interior existem grandes ou algumas oportunidades. Não há aumento do emprego sem uma economia de facto ativa”, acrescenta.

No âmbito da modernização deste setor social, o presidente da CNIS considera importante que as organizações sejam apoiadas na “formação de agentes de gestores”, “no aproveitamento de recursos locais” e que a comunidade também se envolva nas respostas porque com o envolvimento coletivo, que “tem de ser apoiado e fomentado”, é que a resposta é “cada vez melhor”.

Uma abertura de âmbito mais largado das IPSS a áreas como a saúde e a educação, onde já estão presentes, é considerada importante pelo “serviço de proximidade” com a população, especialmente no interior de Portugal, onde “as pessoas são forças a grandes deslocações”.

“Já existem instituições com serviços de cuidados continuados mas houve agora consenso que poderíamos caminhar para prestar cuidados primários de saúde porque temos muitas instituições com recursos humanos e equipamentos”, desenvolveu o padre Lino Maia.

PR/CB

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