“Laboratório cívico do bairro de Santiago” é apresentado no 33º encontro de Pastoral Social
Fátima, 24 out 2019 (Ecclesia) – O Laboratório Cívico de Santiago, um projeto de cidadãos que envolve a comunidade daquele bairro social em Aveiro, é um dos casos práticos apresentados hoje no 33.º encontro de Pastoral Social, em Fátima.
José Carlos Mota é professor da Universidade de Aveiro, na área de planeamento de território, e foi o “fundador” deste projeto que contou, desde a primeira hora, com a “colaboração das Florinhas do Vouga”, instituição particular de solidariedade social (IPSS) de raiz católica, que mantém presença no bairro desde o início.
“Uma iniciativa de cidadãos liderada por José Carlos Mota, com outras pessoas que facilmente aderiram, com a ajuda das nossas técnicas das Florinhas do Vouga, animadoras sociais, psicólogas e pessoas da cidade de várias áreas, depois criaram-se acontecimentos fantásticos para aproximar as pessoas”, conta à Agência ECCLESIA o padre João Gonçalves, presidente da IPSS.
Desde março a junho deste ano que o projeto, inspirado noutras cidades europeias, foi convidando, envolvendo e convocando os habitantes daquele bairro que existe desde a década de 70, onde as “gerações se foram renovando” e foi-se “perdendo a memória de como tudo começou”.
“Houve jogos de futebol entre mais novos e mais velhos, partilha de histórias, uma iniciativa dirigida aos mais novos para retratar o bairro e viveram-se momentos espantosos, carregados de emoção”, recorda o sacerdote.
Da descrição do projeto lê-se que se trata de um “espaço onde os cidadãos partilham problemas e anseios comuns e experimentam formas colaborativas de resposta através da partilha de ideias, saberes e vontades, num clima de respeito e tolerância”, visando contribuir para a melhoria da vida dos membros da sua comunidade.
O padre João Gonçalves viu nascer o bairro, numa “época muito complicada” onde ali se juntaram “pessoas carenciadas e com muitos problemas de convivência e proximidade”, e agora viu nascer este “feliz projeto”, que desde o início apoiou de forma “amistosa”, e sentiu ser uma redescoberta deste enorme bairro social.
Foi um acordar para uma realidade de um bairro daquilo que podia ser uma periferia mas não é, não é tão longe da cidade nem fora do urbanismo, foi uma descoberta alegre e entusiasmante que não se pode esquecer e que deixou raízes que se vão tentando concretizar”.
O projeto teve a dia 10 de junho um dia de convívio e almoço, que culminou com uma mensagem do presidente da República, “incentivando a criar comunidade com ondas de civismo e que entusiasmou as pessoas”.
“Um bairro enorme, próximo do centro da cidade, que foi crescendo, quando chegavam as pessoas tinham necessidade de se encontrar com magustos, convívios, marchas populares, isso fazia com que as pessoas estivessem unidas, mas depois foi desvanecendo”, recorda.
O sacerdote que foi prior da paróquia de Nossa Senhora da Glória, território onde se insere o bairro social de Santiago, recorda que a IPSS esteve na linha da frente desde o início da construção do bairro, com apoio e acompanhamento e atualmente tem sete espaços de presença no bairro.
O bairro nasceu sem infraestruturas e o padre João, pároco na altura, ocupou um espaço cedido para marcar presença.
“A Igreja tinha de estar presente, nasceu a casa de acolhimento paroquial, conseguimos uma religiosa para estar lá todos os dias para atender e acolher, criaram-se grupos de jovens e passámos a celebrar Eucaristia ao sábado à noite; depois a comunidade ia crescendo e, atualmente, de uma pizzaria abandonada nasceu uma pequena capela no seio daquele bairro onde semanalmente é celebrada a Eucaristia, também um acontecimento que faz comunidade”, aponta o padre João Gonçalves.
SN/OC