Portugal: Igreja tem de adaptar-se a novos fluxos migratórios

Missões católicas na diáspora enfrentam o desafio da interculturalidade, considera Joaquim Nunes

Palmela, Setúbal, 17 jan 2015 (Ecclesia) – O assistente pastoral na Alemanha, Joaquim Nunes, afirmou hoje no XVI Encontro de Agentes Sóciopastorais das Migrações que as missões católicas da diáspora têm de se adaptar à “heterogeneidade” dos emigrantes e “fazer pontes” com as culturas locais.

“Nós não podemos continuar com o nosso modelo, a nossa língua, a nossa nação, porque não avançaremos”, disse o emigrante na cidade alemã de Mainz referindo que as comunidades católicas portuguesas nos ambientes urbanos são as “menos interculturais”.

Para Joaquim Nunes, a dinamização da pastoral dos migrantes não pode continuar a fomentar o isolamento de “comunidades linguísticas”, mas tem de “fazer pontes”, procurando o “apoio das Igrejas locais” e ajudando-as a “aumentar a sua oferta”, “muito mais do que está a acontecer”.

Numa comunicação sobre “Migrações e Família: transformações sociais e eclesiais”, Joaquim Nunes defendeu que é necessário chegar à terceira geração de emigrantes para definir o melhor modelo de dinamização religiosa de comunidades migrantes: com sacerdotes ou animadores dos países de origem ou locais.

“Três gerações estão a passar e é altura de fazer um balanço”, sustentou Joaquim Nunes, adiantando que os sacerdotes, para coordenarem o trabalho nas comunidades migrantes, têm de assumir uma paróquia bilingue e por períodos não de 5 ou 6 anos, mas 20.

Para Joaquim Nunes, “terá chegado a hora” de recorrer à Igreja local, desenvolvendo projetos pastorais inseridos nos contextos de destino dos migrantes.

O animador pastoral na comunidade portuguesa, em Mainz, defende que o acolhimento às novas vagas da emigração tem de “voltar a ser social”, procurando meios de ajuda a quem chega e precisa de emprego ou casa.

“A Igreja acompanhe a família cristã nas suas andanças, na sua mudança de casa, na procura de emprego”, defendeu.

Joaquim Nunes considera que a emigração “sempre foi um projeto familiar”, “pensado e vivido em família” e tendo em conta a defesa do seu “futuro e interesse”, em diferentes “situações, tempos e fases”.

“Não há família emigrante portuguesa, mas famílias em contexto de emigração”, sustentou Joaquim Nunes.

O XV Encontro de Animadores Sociopastorais das Migrações decorre até este domingo, na Diocese de Setúbal, sobre o tema “Migrações e Família”.

PR

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