Portugal ignora questões do envelhecimento

Federação de Instituições da Terceira Idade quer detetar situações problemáticas, com a ajuda da GNR

Lisboa, 12 jul 2011 (Ecclesia) – O presidente Federação de Instituições da Terceira Idade (FITI), considera que Portugal deve debater com urgência “as questões do envelhecimento”, após os últimos dados divulgados sobre pobreza e maus tratos nesta faixa da população.

Em declarações à Agência ECCLESIA, José Carlos Batalha alerta para o surgimento de “problemas sociais gravíssimos”, confirmados pelo relatório de prevenção contra os maus tratos a idosos, da Organização Mundial de Saúde (OMS), divulgado domingo, segundo o qual o nosso país tem 39,4 por cento de vítimas de abusos.

Outro aspeto considerado “deveras preocupante” é o facto de o recente Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, do Instituto Nacional de Estatística (INE), ter revelado esta segunda-feira que a taxa de risco de pobreza para a população idosa era de 21 por cento, valor ligeiramente superior ao registado em 2008 (20,1 por cento).

A FITI propõe-se, neste sentido, organizar um observatório para as pessoas idosas e assinar um protocolo com a GNR para uma ação conjunta destinada a “sinalizar” situações de dificuldade e “isolamento”, colocando “em contacto e em relação os diferentes atores sociais”.

“O envelhecimento só constitui um problema porque a sociedade não está configurada com a população idosa”, sustenta José Carlos Batalha, destacando a importância de se ensinarem aos mais novos regras “salutares” da convivência intergeracional.

Os dados da OMS mostram que 32,9 por cento dos idosos são vítimas de abusos psicológicos, 16,5 por cento de extorsão, 12,8 por cento de violação dos seus direitos, 9,9 por cento de negligência, 3,6 por cento de abusos sexuais e 2,8 por cento de abusos físicos.

Para o presidente da FITI estamos perante um “aspeto anacrónico” que mancha “um país que se pode orgulhar de ser solidário”.

“Se calhar, hoje quando ameaçamos um idoso [dizendo] que vai ser institucionalizado, que vai para um lar, é uma forma de violência”, alerta.

Uma situação “muito séria”, acrescenta José Carlos Batalha, que deveria, do seu ponto de vista, levar a uma “campanha de sensibilização” dos mais velhos para a denúncia de casos de abusos e maus tratos, promovendo uma “cultura de prevenção”.

A este respeito, Eugénio Fonseca, presidente da Caritas nacional e da Confederação Portuguesa do Voluntariado, desejou hoje que o atual Ano Europeu do Voluntariado seja “a rampa de lançamento para a implementação de dinamismos impulsionadores de maior consciência cívica”.

“Em 2012 teremos renovadas razões para prosseguir por este caminho, pois está já decidido que o próximo ano será, em toda a Europa, dedicado ao envelhecimento ativo. E se há estradas largas para serem percorridas pelo voluntariado, a dignificação do entardecer da vida é uma delas”, escreve, em texto publicado pela mais recente edição do semanário Agência ECCLESIA.

OC

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