Portugal: Festival «Terras sem Sombra» ibérico tem Espanha como país referência em 2017

Diretor artístico fala em evento «único» no mundo

Serpa, 27 jan 2017 (Ecclesia) – O diretor artístico do Festival ‘Terras sem Sombra’ (FTSS) afirmou que este evento “único no mundo” à dimensão espiritual junta a de “milagroso” e numa edição com Espanha como referência destacou a produção replicada no país vizinho.

“Quando os melhores sítios espanhóis estão a ver-se como espelho, dá-me especial satisfação e creio que estamos a acertar”, disse Juan Angel del Campo, esta quinta-feira, na Casa do Cante, em Serpa.

Na apresentação da 13.ª edição do FTSS, o crítico musical deu como exemplo o facto de, em maio, o Teatro de la Maestranza, em Sevilha, ir receber um espetáculo que esteve em Castro Verde em 2016; na última semana, estreou em Madrid um concerto que foi apresentado em Sines.

“Ainda mais curioso”, acrescentou, o auditório nacional de Madrid programou um concerto em fevereiro de 2018 que “vai repetir com os mesmos interpretes ou muito parecidos” o concerto de Santiago do Cacém.

‘Do espiritual na arte – Identidades e práticas musicais na Europa dos séculos XVI-XX’ é o tema da edição de 2017 do FTSS que tem Espanha como país convidado que vai estar presente em quatro concertos, do evento iniciado pelo Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja.

“Damos especial destaque a dois géneros musicais que são património imaterial da humanidade, o Cante Alentejano e o Flamenco. Queremos fundi-las”, adiantou o ensaísta, recordando que o Cante “causou impacto” quando foi apresentado em Madrid.

Por isso, este ano o festival vai ser apresentado em Sevilha, “com dois coros de Cante e ao menos dois cantadores do mundo flamengo”, a 2 de fevereiro.

Os concertos começam sempre às 21h30; a abertura do festival, com referências espanholas com o cantor Arcángel e uma ópera barroca, acontece a 11 de fevereiro, em Almodôvar.

A Praça da República de Serpa vai receber um concerto com a cantora de flamenco Esperanza Fernández, no qual se vão ouvir “as pautas da música religiosa dos campos de concentração, com intensidade especial,” e com as poesias de José Saramago, a 6 de maio.

Juan Angél de Campo destaca que a artista é “a única” que editou um álbum com escritos do Prémio Nobel da Literatura português em flamenco.

Depois do “encontro entre a lírica comum de Espanha e Portugal” com textos de Camões, Gil Vicente, em Ferreira do Alentejo, o concerto a 3 de junho em Sines “roça o impossível” ao “juntar três dos melhores músicos espanhóis que há no mundo” num concerto de câmara.

“Vão recuperar dois quintetos de Mozart e Beethoven. Estão tão ocupados que não acredito que estejam juntos até que toquem cá”, referiu o diretor artístico do FTSS.

Os artistas espanhóis são “metade do festival” que vai ter atuações nacionais, com o grupo jovem ‘Polyphõnos’ e “obras portuguesas de invocação mariana”, e o coro da Gulbenkian com um programa do compositor Bach.

Para Juan Angel del Campo, o ‘Terras sem Sombra’ que é “único no mundo” para além de “um lado espiritual” tem também uma parte de “milagroso” e deu como exemplo a ópera infantojuvenil brasileira que foi apresentada pela primeira vez na Europa em 2016, precisamente em Serpa.

A 13.ª edição do festival dedicado à musica, património e defesa da biodiversidade vai realizar-se de 11 de fevereiro a 1 julho e termina com a entrega do prémio internacional ‘Terras sem Sombra’, pelas 18h30, no Centro de Artes de Sines.

CB/OC

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