Portugal: Falta de vocações deve interrogar o «interior» da Igreja Católica

«Com que rosto chega Deus à vida dos nossos jovens?», questiona o reitor do Seminário Diocesano de Portalegre-Castelo Branco

Portalegre, 06 nov 2015 (Ecclesia) – O reitor do Seminário Diocesano de Portalegre-Castelo Branco diz que a falta de vocações deve interrogar o “interior” da Igreja Católica, e o modo como os seus agentes têm contribuído ou não para a resolução do problema.

Num texto publicado na nova edição do Semanário ECCLESIA, dedicada à Semana dos Seminários 2015, o padre Emanuel Matos Silva refere que “vale a pena interrogar não apenas o exterior da Igreja mas também o seu interior, os seus ritmos, os seus costumes e processos” e “perceber bem a vida dos que aceitaram Jesus como modelo”.

“Podemos questionar a cultura, a conjuntura social, o ambiente mas também é verdade que a vocação cristã, contraditoriamente, deixou de ser tema e motivo na própria comunidade cristã”, frisa o secretário da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios, que defende um exame de consciência extensivo a todos os agentes da Igreja, bispos, sacerdotes e leigos.

“Com que rosto e pela mão de quem chega Deus hoje à vida dos nossos jovens?! Quem marca os ritmos das nossas comunidades?! Quando foi a última vez que ensinámos (pelo testemunho) ou ajudámos alguém a rezar?!”, questiona o sacerdote.

Para o reitor do Seminário Diocesano de Portalegre-Castelo Branco, é fundamental que a “pastoral vocacional” católica, mais do que uma “inculcação”, seja uma “proposta” feita aos jovens que os ajude “a crescer e a alargar horizontes”.

O padre Emanuel Matos Silva aponta também para a vivência do cristianismo por parte do clero e das comunidades, que na sua opinião também são decisivas para que a questão vocacional chegue às novas gerações.

“De que entusiasmo falam as nossas vidas de ministros do Evangelho, de religiosos, de famílias cristãs?! Do que é que andamos cheios e do que é que andamos vazios?!”, aponta o reitor, alertando para o “desinteresse” que por vezes atinge a ação pastoral e cristã.

Os últimos dados disponibilizados pelo Vaticano (Anuário Estatístico da Igreja, 2012, relativos a 31 de dezembro desse ano) sobre as 21 dioceses portuguesas mostram que entre o ano 2000 e 2012, o número de sacerdotes diocesanos baixou de 3159 para 2659 (menos 16%).

A situação de 2012 revela, no entanto, uma melhoria na variação do número de padres (menos 10) face a anos anteriores (menos 45 em 2011 e menos 68 em 2008); entre 2008 e 2012, as ordenações sacerdotais foram 178, face a 355 óbitos e 27 “defeções” registadas.

Os seminaristas de filosofia e teologia também são menos, segundo os últimos dados disponíveis: de 547, entre diocesanos e religiosos, em 2000 passou-se para 474 em 2012; este número é, ainda assim, o máximo registado nos últimos cinco anos.

JCP/OC

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