Portugal: Emigração e desemprego são os «grandes temas sociais»

Jornalista João Santos Duarte analisou realidade migratória nacional dos últimos 50 anos

Tomar, Santarém, 02 jul 2014 (Ecclesia) – O jornalista João Santos Duarte considera que a emigração e o desemprego são atualmente os “grandes temas sociais” em Portugal.

O comunicador falou com a Agência ECCLESIA em Tomar, durante um encontro nacional de capelanias e secretariados diocesanos ligados à Pastoral das Migrações, onde apresentou as conclusões de um trabalho intitulado 'A grande debandada', publicado pela Renascença.

A reportagem centrou-se na comparação entre a realidade da emigração dos anos 60 e a realidade atual, sobretudo “nestes últimos três anos” de “crise económica”.

Para João Santos Duarte, a saída de portugueses para o estrangeiro foi sempre um fenómeno “estrutural” do país, “embora com vagas e com fases”.

Mesmo entre 1990 e 2000, quando houve “uma sensação de crescimento económico” e Portugal se afirmou como destino de “imigração”, o fluxo migratório para o exterior “nunca parou”.

E voltou a crescer nos tempos mais recentes, com a “entrada da troika” e a implementação por parte do Governo de diversas políticas de “austeridade”.

De tal forma que a emigração e o desemprego “associado ao empobrecimento das condições de vida”, são atualmente “os grandes temas sociais” em Portugal, realça o jornalista.

Em média, saem do país “mais de 120 mil” portugueses “por ano”, o que “equivale muito ao que acontecia nos anos 60”, embora nessa época os números por vezes atingissem patamares “muito superiores”.

Outro fator em comum é que boa parte das pessoas continuam a emigrar “porque não têm outra opção, porque não têm trabalho ou tendo trabalho, é muito precário e por isso aspiram a outras condições de vida”.

A grande diferença para a época atual está na forma como os emigrantes lusos vão para o estrangeiro e as ferramentas que têm à disposição para se prepararem para o contexto que vão enfrentar.

Nos anos 60, recorda João Santos Duarte, “as saídas do país eram muito dificultadas, e as pessoas tinham que emigrar muitas delas clandestinamente, a salto, como se dizia na altura”, atravessando a fronteira com Espanha, rumando sobretudo a França.

A viagem era feita “em condições muito precárias e a maioria chegava a França sem saber falar francês, sem qualquer base de apoio, sem ter conhecimento da cultura e da língua”, frisa o repórter.

Atualmente, além de Portugal já não viver num regime ditatorial, as fronteiras estão mais abertas, a globalização e os avanços tecnológicos facilitaram as deslocações e o acesso à informação.

“No mundo da internet, as pessoas têm muito mais informação à disposição, podem procurar informações sobre os países de acolhimento, documentos necessários, condições de vida, quais são os ordenados, saem muito mais informadas”, aponta João Santos Duarte.

Hoje Portugal conta com cerca de 10 milhões de habitantes e tem outros cinco milhões de portugueses espalhados pelos diversos continentes.

O encontro nacional dos agentes pastorais ligados às Migrações, intitulado “Longe é mais perto do que se imagina”, decorre até sexta-feira em Santa Iria, Tomar, na Diocese de Santarém.

PR/JCP

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