Portugal: Crise pode potenciar violência

Observatório sobre as armas ligeiras da Comissão Nacional Justiça e Paz fala em «turbilhão» de acontecimentos com desfecho «imprevisível»

Lisboa, 30 out 2012 (Ecclesia) – O Observatório Permanente sobre a Produção, Comércio e Proliferação das Armas Ligeiras manifestou a sua preocupação perante o contexto de “maior violência potencial” que se vive no país, por causa da crise económica.

“Portugal está a atravessar um turbilhão de acontecimentos de desfecho imprevisível”, refere um comunicado do organismo ligado à Comissão Nacional Justiça e Paz, da Igreja Católica, enviado à Agência ECCLESIA, no qual se apresenta um “quadro de descontentamento geral”.

Segundo os responsáveis por este observatório, o país “está obcecado pelo cumprimento de metas abstratas, de natureza económica e financeira”, o que levou à perda do “controlo sobre aspetos sérios e profundos da vida em sociedade”.

“São deles exemplo a luta contra a desigualdade e a exclusão, o enfrentar as diversas situações de violência que, de maneira crescente, nos últimos anos, a vinham a caracterizar, e as tentativas de recuperar formas de marginalização –

social, económica, cultural e espacial – nas cidades e fora delas”, pode ler-se.

O documento alerta para os efeitos nocivos da centralização da vida política no cumprimento do programa de assistência financeira externa, acordado com a troika, frisando que parece ter passado para segundo plano “a luta contra a criminalidade e a proliferação das armas ligeiras a ela associada”.

“Temos assistido nos últimos tempos, a assaltos a depósitos de armas em unidades de elite das forças armadas ou em instalações mal guardadas de clube de tiro decadente, ao recrudescer da utilização de armas ligeiras na violência doméstica”, alerta o observatório.

O texto adverte ainda para “as perturbações reivindicativas das forças de segurança e, mesmo, das forças armadas”.

Tendo como pano de fundo o Orçamento de Estado para 2013, que hoje começa a ser debatido, os responsáveis do organismo católico criticam os “cortes, cegos ou cirúrgicos, mas sempre muito gravosos, em várias áreas da ação do Estado, em particular no sector social”.

Esta situação, refere a nota, exige a “ação de um Estado forte e coerente na luta pela justiça social e pelo bem-estar dos seus cidadãos”.

O Observatório Permanente para a Produção, Comércio e Proliferação das Armas Ligeiras foi criado pela Comissão Nacional Justiça e Paz, um organismo de leigos ligado à Conferência Episcopal Portuguesa, em 2004.

OC

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