Portugal: Comissão Nacional Justiça e Paz condena assassinato da irmã Maria Antónia Pinho

Organismo católico questiona «silêncio penoso» sobre o crime

Lisboa, 20 set 2019 (Ecclesia) – A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), organismo da Igreja Católica em Portugal, condenou em comunicado o assassinato da irmã Maria Antónia Pinho, morta a 8 de setembro, questionando o que chama de “silêncio penoso” sobre o crime.

“Assistimos, consternados, à notícia da violação e assassinato de uma religiosa em S. João da Madeira. Esta religiosa dedicava a sua vida ao serviço dos pobres e marginalizados”, assinala a CNJP, em nota enviada hoje à Agência ECCLESIA.

No dia do crime, em São João da Madeira, a Polícia Judiciária, através da Diretoria do Norte, identificou e deteve um homem pela prática do crime de homicídio qualificado de que foi vítima a religiosa de 61 anos, referindo em comunicado que “o detido, após ter conseguido atrair a vítima até ao interior da sua habitação, com o pretexto de lhe oferecer um café por esta o ter transportado na sua viatura até ali, referiu-lhe que com ela queria manter relações sexuais, o que foi recusado”.

A CNJP questiona a “lentidão e burocratização da Justiça”, sublinhando que o mandato de detenção do criminoso não foi efetivado a tempo, “apesar de uma tentativa de violação anterior”, pelo que o feminicídio poderia “ter sido evitado”.

A nota lamenta ainda que comunicação social tenha abordado “um pouco a medo este crime, que não foi assunto de abertura dos telejornais”, além de questionar o silêncio da maioria das organizações de mulheres e de apoio às vítimas de violência.

Constatamos que tem havido um silêncio penoso sobre este crime – salvo raras exceções – e perguntamos intimamente quais as razões deste silêncio: ‘lavamos as mãos’ da nossa responsabilidade individual e coletiva, como fez Pilatos?”.

O organismo católico considera que o governo e as instituições da sociedade civil devem estar ao serviço dos cidadãos mais vulneráveis e ao serviço “daqueles e daquelas que lutam pela justiça e fazem trabalho de promoção humana na solidariedade e na paz”.

“Devem fazê-lo sem qualquer discriminação por causa de opções religiosas, origem social, sexo ou orientação sexual, idade, raça ou cultura, e outras”, pode ler-se.

A CNJP recorda que a irmã Maria Antónia Pinho, da congregação das Servas de Maria Ministras dos Enfermos, “estava ao serviço da Igreja Católica numa missão evangélica, implicada nas questões da Justiça e da Paz no seu contexto de ação”.

“Ao serviço, também, da sociedade civil e dos mais marginalizados”, acrescenta a nota, que manifesta solidariedade com a congregação da falecida religiosa e com a CIRP (Conferência dos Institutos Religiosos em Portugal).

“Devemos à irmã Maria Antónia Pinho e à sua congregação a nossa profunda solidariedade”, conclui o organismo católico.

OC

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