Portugal: Bispos agradecem a Bento XVI e elogiam «lucidez» do gesto de resignação

Papa foi «tudo para todos», salientou episcopado, que realçou «coragem heroica com que afrontou os problemas»

Lisboa, 27 fev 2013 (Ecclesia) – Os bispos portugueses foram surpreendidos com a renúncia de Bento XVI, cujo pontificado se conclui esta quinta-feira, e manifestaram compreensão perante a decisão, vista como sinal de “lucidez”.

Em nota publicada a 18 de fevereiro o Conselho Permanente da Conferência Episcopal (CEP) expressou “surpresa” pela decisão e louvou a “fé forte e constante”, bem como o “zelo apostólico” de Bento XVI, que “se fez tudo para todos, não excluindo ninguém independentemente da sua ideologia ou religião”.

O documento elogia a “grande simplicidade” com que o Papa comunicou o seu pensamento “culto e profundo”, e destaca a “coragem heroica com que afrontou os problemas” e “defendeu a paz, a justiça e os mais pobres”.

O cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, assinalou que a decisão de renúncia ao pontificado, anunciada por Bento XVI a 11 de fevereiro, “faz história” e acaba com o “tabu de que o Papa era intocável”.

A resignação, que tem efeito a partir das 19h00 (hora de Lisboa) desta quinta-feira, foi um sinal de “grande lucidez” e “generosidade”, referiu o presidente da CEP.

O cardeal D. José Saraiva Martins, no Vaticano, espera que o próximo Papa continue “o magistério” de Bento XVI”, que caracterizou de “muito claro e muito firme”.

Para D. Manuel Clemente, bispo do Porto e vice-presidente da Conferência Episcopal, o Papa “apresentou-se como um humilde servidor da Igreja”.

O coordenador geral da visita de Bento XVI a Portugal em maio de 2010, D. Carlos Azevedo, assinalou que a resignação revelou “grandeza de alma e liberdade”, além de capacidade para reconhecer que o pontificado “exige mais energia física e anímica”.

O presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, D. Pio Alves, bispo auxiliar do Porto, acentuou que em Bento XVI se manifestou “claramente a afirmação do amor, da bondade, da verdade, com um sublinhado muito especial pela busca da verdade numa muito estreita relação fé-razão”.

D. Nuno Brás, vogal da mesma comissão e bispo auxiliar de Lisboa, afirmou que o Papa alemão vai ser lembrado pelo combate ao “relativismo” e pela “defesa da vida”.

O responsável pela Diocese de Beja, D. António Vitalino, realçou que Bento XVI fica na história “como testemunha luminosa da fé, em diálogo com a razão e a ciência”, além de “confessor da verdade e coerência”.

No entender de D. António Sousa Braga, bispo de Angra, o gesto do Papa “abre um novo capítulo na história da Igreja Católica”, embora para D. José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda, a decisão não fosse uma surpresa total, dado que o Papa “tinha assumido essa posição no livro ‘Luz do Mundo’”.

Antigo aluno de Bento XVI, o bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, disse que guarda a imagem de alguém que procurou apresentar “o encanto e a importância do Cristianismo para a cultura e para a história”.

D. António Couto, bispo de Lamego, ressaltou que não detetou sinais de “fragilidade intelectual” em Bento XVI quando em outubro de 2012 esteve no Vaticano para participar no Sínodo para a Nova Evangelização.

A renúncia ao pontificado “não é uma fuga, nem uma cobardia, mas sim um misto de debilidade física e de sentido de alta responsabilidade”, sustentou por seu lado o bispo das Forças Armadas e de Segurança, D. Januário Torgal Ferreira.

RJM

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