Portugal: Bispo do Ordinariato Castrense afirma que «militares têm sempre em vista algo de definitivo»

D. Rui Valério presidiu a Eucaristia do Dia do Estado Maior General das Forças Armadas

Lisboa, 03 set 2019 (Ecclesia) – O bispo do Ordinariato Castrense disse hoje que as Forças Armadas “não vivem nem agem com vista a remediar uma situação”, como São Nuno de Santa Maria, que “era um homem do absoluto”.

“Em cada missão, por mais simples que seja, os militares têm sempre em vista algo de definitivo, não apenas a circunstância dada pelo momento, o caso singular”, afirmou D. Rui Valério, na Eucaristia do Dia do Estado Maior General das Forças Armadas (EMGFA), na igreja da Memória, em Lisboa.

Numa homilia enviada à Agência ECCLESIA, o bispo das Forças Armadas e Forças de Segurança recordou “a união plurissecular dos valores da Defesa com os valores da fé”, a aliança entre dimensão militar e dimensão religiosa.

“Uma das principais propriedades da dimensão religiosa é precisamente lidar com o transcendente, com o Absoluto, e as Forças Armadas também agem sempre em vista de algo que está acima do particular, do individual, algo que é decisivo, ou seja, a sobrevivência da Pátria, a sua autodeterminação e a sua soberania”, desenvolveu.

Segundo D. Rui Valério, como o seu patrono, São Nuno de Santa Maria, que era “um homem do Absoluto e não do relativo e efémero” também as Forças Armadas portuguesas “estão impregnadas desse espírito” e “não vivem nem agem com vista a remediar uma situação”.

O bispo explicou que o Santo Condestável acreditava na “possibilidade de um mundo perfeito” e a sua ação “não visava apenas” remediar o mal existente, ou atenuar a “incomensurável imperfeição reinante” mas queria esse mundo novo, verdadeira pátria dos heróis, “onde não houvesse desigualdade, onde não existissem pobres, nem explorados, nem excluídos, nem miseráveis”.

“As batalhas que travou enquanto militar nos campos da honra não terminaram quando se tornou monge e se retirou num convento. Ele continuou a ser um combatente até ao último suspiro, apenas divergindo no modo e nos meios de as travar”, acrescentou, realçando que quer como militar, quer como monge, São Nuno de Santa Maria “desenvolve a missão de a todos proporcionar a paz, o pão, a justiça e o bem-estar”, numa visão integradora.

Na homilia do dia do EMGFA, D. Rui Valério salientou que a missão que as fontes da civilização ocidental atribuem aos Militares e às Forças de Segurança “obriga a nunca perder de vista” o caráter universalista e integral, “contido na manutenção e incremento da paz”, e salvaguardar esse bem fundamental “é indispensável para a vida e para o desenvolvimento do todo da Nação”.

O bispo do Ordinariato Castrense explicou que o Santo Condestável faz seu “o estilo peculiar” de Jesus Cristo, “reagindo e intervindo sempre que a integridade da pessoa humana estava em causa”: “Não pactuava nem com atropelos, nem com injustiças.”

“Deixou em herança um precioso tesouro: A estruturação de umas Forças Armadas cujo principal inimigo é tudo aquilo que diminui a dignidade e integridade da pessoa, dos cidadãos portugueses”, salientou.

O Dia do Estado Maior General das Forças Armadas começou com uma cerimónia militar junto à Estátua de D. Nuno Álvares Pereira, em Belém, presidida pelo presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, e contou com a conferência ‘Atualidade de Nun’Álvares’, pelo cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, antes da Eucaristia.

CB

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Agência ECCLESIA

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