«Não há maneiras imparciais de praticar a medicina» – Pediatra Maria João Lage
Lisboa, 16 out 2019 (Ecclesia) – A Associação dos Médicos Católicos Portugueses (AMCP) vai promover este sábado uma formação sobre ‘Ética Médica’, pedindo a estes profissionais de saúde que aprofundem o tema “na sua prática clínica diária” e valorizem a pessoa humana.
“Hoje há muitas interferências legislativas, essencialmente, nesta relação quotidiana dos médicos, algumas delas contra o próprio Código Deontológico, muitas contra os consensos das sociedades, a eutanásia, por exemplo, o aborto também, e, portanto, isto não pode estar alheio às considerações que nos são propostas legislativamente e mesmo algumas coisas contra a própria constituição, violando o direito inalienável à vida e à integridade física”, disse a médica Maria João Lage à Agência ECCLESIA.
A pediatra afirma que, “muitas vezes”, as propostas legislativas têm uma “falsa neutralidade”, nomeadamente “em relação à Igreja”, e refere por trás destas propostas que parecem neutras “há também uma valorização completamente diferente do que é pessoa”.
“As pessoas pensam: ‘Se não penso como a Igreja, penso de uma maneira neutra, imparcial’. Isso não é verdade, por trás destas propostas que são feitas atualmente que vão contra muitas delas à Igreja está sempre também uma perspetiva sobre a pessoa só que não é manifesta abertamente”, explica.
Maria João Lage destaca que “não há maneiras imparciais de praticar a medicina” e explica que é preciso saber quais é que são os valores pelos quais se regem, por isso, a AMCP propõe “o aprofundamento daqueles que gosta e acredita que são os valores que a Igreja propõe para a pessoa humana”.
A Associação dos Médicos Católicos Portugueses realiza o segundo módulo/sessão do Curso de Formação em ‘Ética Médica’, este sábado, 19 de outubro, no anfiteatro do Instituto São João de Deus, em Lisboa.
“A nossa proposta é pedir aos médicos que aprofundem na sua prática clínica diária, e não só em decisões que acham extremas, aquilo que está por trás de qualquer ética, como é que valorizamos a pessoa humana”, desenvolve a entrevistada.
Do programa da formação constam especialistas e investigadores portugueses e espanhóis que vão apresentar temas como a relação médico-doente; a objeção da consciência na medicina; as decisões éticas centradas nas famílias; o impacto das notícias falsas (fake news) na saúde; a relação entre a ética médica e a doutrina da Igreja; e a ideologia de género.
A pediatra neonatologista assinala que o seu tema preferido são as crianças, portanto, gosta de “problemas grandes em coisas pequenas e, também, da ética grande” no que chama “a microética”.
A primeira edição da formação da AMCP sobre este tema foi em maio quando apresentou o livro ‘Reflexões sobre ética médica’.
Em comunicado enviado à Agência ECCLESIA, a Associação dos Médicos Católicos Portugueses informou que a sua página oficial na internet – www.medicoscatolicos.pt – tem um “novo layout”, é “mais atual” e “mais acessível ao internauta”, com um “design capacitivo”, que se adapta aos dispositivos, como tablets e smarthphones, uma “reformulação” que evidencia a história, os serviços e as suas iniciativas.
A associação, de âmbito nacional sem fins lucrativos, tem por finalidade congregar os profissionais da medicina católicos que “desejam exercer a sua profissão à luz dos princípios evangélicos” e foi fundada em 1915.
PR/CB