Portugal: «A marquise do Cristiano Ronaldo tem mais importância do que a pobreza» na capa dos jornais – Presidente da ACEGE

João Pedro Tavares destacou desenvolvimento de ferramenta «Semáforo», a nível mundial, para potenciar a intervenção da rede de resposta social

Porto, 17 jun 2021 (Ecclesia) – O presidente da Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE) desafiou hoje os associados a serem “promotores da parábola do bom gestor” e destacou a ferramenta ‘Semáforo’, que vão usar para “combater a pobreza”, num ciclo de conferência online.

“Não há pessoas pobres, há famílias pobres, e este é um aspeto muito importante e elas estão bem tipificadas, caraterizadas, e hoje em dia já as conhecemos. O problema da pobreza existe como fruto do nosso egoísmo e da nossa indiferença, a marquise do Cristiano Ronaldo tem mais importância do que a pobreza aparecer na capa do jornal”, disse João Pedro Tavares.

Numa conferência online, promovida pelo núcleo do Porto da ACEGE, o presidente da associação lembrou que o relatório da Oxfam alerta para “o vírus da desigualdade” e no final da pandemia “os ricos ficarão mais ricos” e Aqueles que eram os mais frágeis “não têm oxigénio suficiente para sobreviver ou para ultrapassar esta situação”.

João Pedro Tavares destacou que a Associação Cristã de Empresários e Gestores está a desenvolver o ‘Semáforo’, uma ferramenta usada a nível mundial, que “não é o fim”, mas vai ser necessário para “combater a pobreza”.

O ‘Semáforo’ tem três fases, começam por “tornar visível o invisível no mundo do trabalho”, isto é, conhecer e medir a realidade a intervir em cada empresa, com os líderes empresariais a realizarem uma “semaforização da pobreza das famílias” e perceber as que estão “no verde, no amarelo, no vermelho e as circunstâncias”.

Depois vão potenciar a intervenção da rede de resposta social, e na terceira fase “tornar acessível a todos as melhores praticas e os ensinamentos da intervenção”.

Com esta ferramenta vão cobrir quase totalidade dos ODS – Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, e avaliar seis grandes blocos, com 50 questões: rendimento e emprego; habitação e infraestrutura; educação e cultura; saúde e meio ambiente; organização e participação (na comunidade local); interioridade e motivação (para iniciar um processo).

“Para cada família vamos lançar plano familiar com medidas de ação concretas, de apoio e transformação”, explicou.

O presidente da ACEGE incentivou cada empresário e gestor a pensar na sua responsabilidade, desafiou-os a serem “promotores da parábola do bom gestor”, inspirado no ‘bom samaritano’, e lembrou que metade da humanidade vive “com 5 euros e 50 cêntimos por dia”, que a pobreza em Portugal é genética, e “2,4 milhões de pessoas estavam em situação de pobreza e de exclusão social”, que são “23% da população em Portugal” e um terço trabalha.

‘O Impacto da pandemia na sociedade e os novos pobres’ foi o tema da conferência desta quinta-feira, inserida no ciclo ‘como preparar o próximo normal?’, e contou também com a reflexão do padre Agostinho Jardim Moreira.

O presidente de Rede Europeia Anti-Pobreza (EAPN) em Portugal afirmou que é necessário acordar para “construir uma sociedade justa para todos”, onde todos possam viver, “onde o bem-comum seja a base”.

A partir da sua experiência de contacto com os partidos na Assembleia da República alertou que “ninguém está interessado no bem-comum”, e desabafou que “é desolador”, por isso, para se avançar tem de ser com a sociedade civil.

“Os nossos partidos defendem o seu umbigo e a sua ideologia e não defendem as pessoas. Os cristãos temos de sair do nosso medo e do nosso mundo pequenino para nos unirmos e mostrar que acreditamos na Palavra de Deus, na força do Evangelho, na força do Espírito Santo”, lamentou.

O presidente da EAPN-Portugal considerou que o assistencialismo é a resposta de “quem dá migalhas para tapar a boca aos outros”, mas o cristão, como refere o Papa, não vive das emolas e é aquele que “partilha e constrói uma sociedade diferente”.

CB/OC

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