Gesto de «sensibilização» e «educação» vai acontecer a 19 de janeiro, nas Missas e celebrações das várias comunidades
Porto, 10 jan 2020 (Ecclesia) – As comunidades cristãs do Porto, entre elas a Igreja Católica, vão rezar em conjunto, no próximo dia 19, contra a violência doméstica, num gesto que vai unir as Igrejas Católica, Lusitana, Anglicana, Metodista, Luterana e Ortodoxa.
O responsável pela Comissão Ecuménica Diocesana do Porto (Igreja Católica) disse hoje à Agência ECCLESIA que a iniciativa de “repúdio contra a violência doméstica” foi uma “decisão dos hierarcas, todos juntos”, que se vai concretizar numa oração comum nas Missas e celebrações desse dia, durante a semana anual dedicada à Unidade dos Cristãos.
“Queremos associar-nos com a nossa oração, com a nossa sensibilidade, das nossas comunidades, para ver se contribuímos de alguma forma para que isso se resolva. Há de ter a sua importância na sensibilização, na educação, é essa a intenção”, explica o padre Mário Henrique Melo.
O sacerdote salientou que as Igrejas Cristãs que integram o movimento ecuménico no Porto querem unir-se “numa oração comum ao mesmo Deus”, num sinal de comunhão e “contra um problema que é evidente na sociedade” como a violência doméstica.
“É muito importante que as Igrejas Cristãs se unam não só por motivos religiosos, mas também por motivos que defendem valores. Nós partilhamos valores, não partilhamos só a fé”, assinalou.
O padre Mário Henrique Melo explica que a oração comum que vai ser lida nas Igrejas Cristãs – nas Missas Católicas, durante o momento da ação de graças – “é uma oração comprometida”, uma vez que a violência doméstica “se manifesta de múltiplas formas”, inclusive nas famílias cristãs.
Em 2019 houve mais de 30 mortes por violência doméstica, em Portugal, e esta oração conjunta na Semana de Unidade pela Oração dos Cristãos 2020 foi anunciada pelo bispo do Porto, D. Manuel Linda, através da sua conta na rede social Twitter.
As Igrejas Cristãs do movimento ecuménico do Porto- Lusitana, Anglicana, Metodista, Luterana, Ortodoxa de Moscovo e Ortodoxa de Kiev- combinaram comigo um gesto de repúdio da violência doméstica: uma oração, a 19/01, início da Semana da Unidade dos Cristãos.
— Manuel Linda (@BispodoPorto) January 3, 2020
A Comissão Ecuménica do Porto iniciou os seus trabalhos em 2005, na sequência de “uma tradição de colaboração” entre as Igrejas da cidade.
“Este sinal de unidade é importantíssimo numa sociedade muito dividida e, muitas vezes, a religião é fator de divisão e repulsa entre uns e outros”, observou o padre Mário Henrique Melo.
O também pároco de Ramalde (Porto) explica que o Movimento Ecuménico na diocese tem “muita importância, sobretudo, no meio citadino”, onde existem mais Igrejas Cristãs, e “é importante” que tenham a “capacidade de rezar juntos, de procurar a unidade de todos os cristãos”.
Entre outras atividades, a comissão procura “organizar e dinamizar eventos no âmbito da Semana anual de Oração pela Unidade dos Cristãos de 18 a 25 de janeiro, no hemisfério norte, promover momentos de reflexão e de oração entre cristãos de diversas Igrejas e divulgar experiências ecuménicas locais.
O responsável pela Comissão Ecuménica Diocesana do Porto destaca que vão apresentar o ‘Roteiro Ecuménico’, na oração conjunta do Oitavário, que este ano é acolhida pela Igreja Metodista e tem como o pregador o bispo D. Manuel Linda.
A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2020 vai recordar o drama dos migrantes e refugiados no Mediterrâneo, com propostas vindas de Malta.
O padre Mário Henrique Melo observa que Malta é um “lugar do mundo que sofre na pele o drama dos refugiados”, e que estão a “passar uma mensagem da providência de Deus e de amor ao próximo”, a partir da descrição do naufrágio de São Paulo, nos Atos dos Apóstolos, e como foram recebidos nessa ilha do Mediterrâneo.
“Acreditando na força da nossa oração, acreditando na nossa comunhão, podemos contribuir. Por vezes, é preciso ensinar e voltar a ensinar permanentemente estes valores”, desenvolveu.
O ‘oitavário pela unidade da Igreja’, hoje com outra denominação, começou a ser celebrado em 1908, por iniciativa do norte-americano Paul Wattson, presbítero anglicano que mais tarde se converteu ao catolicismo.
CB/OC
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