Porto: Diocese associa-se a Dia Europeu da Cultura Judaica, com alertas contra preconceitos e defesa dos valores do «bem comum e da convivência»

«Partilhamos a mesma condição humana», sublinhou monsenhor Jardim Moreira

Porto, 02 set 2024 (Ecclesia) – O presidente da Comissão para o Diálogo Inter-Religioso da Diocese do Porto participou este domingo no Dia Europeu da Cultura Judaica, alertando contra os “preconceitos”, que impedem a “construção em conjunto de valores essenciais”.

“A primeira constatação de cada um de nós perante outro ser humano é de o reconhecemos que partilhamos a mesma condição humana, independentemente da sua história, do lugar onde habita ou do povo a que pertence, ou da religião que pratica”, disse monsenhor Jardim Moreira, após o visionamento do filme ‘O Kadish da Freira’.

Numa intervenção enviada hoje à Agência ECCLESIA, o presidente da Comissão Diocesana para o Diálogo Inter-Religioso do Porto citou o Livro bíblico do Levítico (Antigo Testamento) e realçou, a partir da frase ‘não terás no teu coração ódio pelo teu irmão’ (19, 7), e acrescentou que é “um ponto decisivo” o de não se deixarem “conduzir por preconceitos”, porque os critérios humanos, culturais, sociais ou pessoais “não se podem sobrepor ao bem comum e da convivência”.

Estes preconceitos, acrescentou, “impedem a prática da boa convivência, da mútua confiança, e da construção em conjunto de valores essenciais, como a defesa da vida, do planeta, da Paz, da liberdade, da dignidade de todo o ser humano”.

A partir do versículo seguinte do Levítico (18-19) – “amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou Javé” – o representante da Diocese do Porto, no Dia Europeu da Cultura Judaica 2024, afirmou que explicou que a freira da curta-metragem “agiu de acordo com a escritura e com a fé em Deus”.

“Para nós cristãos, o modelo e a grandeza do Amor ao próximo, é o de o Amar como Deus ama, sem fazer qualquer aceção de pessoas”, referiu o presidente da Comissão Diocesana para o Diálogo Inter-Religioso do Porto.

Monsenhor Jardim Moreira explicou que o gesto da religiosa católica, no filme ‘O Kadish da Freira’, “é um gesto de serviço gratuito, amoroso, a quem vive na sua debilidade de saúde”, e depois se vê confrontado com a sua finitude “e a carência da misericórdia Divina”, mas também reconhece nela “a bondade de Deus que cuida dele no corpo e no espírito”.

A curta-metragem ‘O Kadish da Freira’, de 2019, é baseado numa história real passada no Porto, em 1982.

O sacerdote da diocese local destacou “a boa relação e grande espírito de amor fraterno emociona, alegra e fortalece” na esperança de fomentarem “relações de estima, respeito, partilha e de serviço gratuito a todos os irmãos”, concretamente entre cristãos e judeus, lembrando que o Papa Francisco escreveu à Comunidade Judaica do Porto desejando que o filme fosse “fermento de fraternidade, esperança e alegria no coração”.

“Reconhecemos que foi um povo nascido da vontade de Deus e não do Homem. Um povo que experienciou a presença de Javé no meio dele, e com ele, que o conduzia, o libertava e lhe oferecia a vida eterna”, desenvolveu.

Para assinalar o Dia Europeu da Cultura Judaica 2024, a Comunidade Israelita do Porto promoveu diversas iniciativas, como abrir as portas da Sinagoga Kadoorie, do Museu do Holocausto e do Museu Judaico, um ciclo de curtas-metragens e gastronomia.

O Vaticano apresentou o documento ‘Os dons e o chamamento de Deus são irrevogáveis’, sobre as relações entre católicos e judeus, no dia 15 de dezembro de 2015, pelos 50 anos da declaração “Nostra Aetate” (sobre a Igreja e as religiões não-cristãs), onde sobressai a relação com o judaísmo, de 28 de outubro de 1965, saída do Concílio Vaticano II.

CB/OC

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