Homilia do Bispo de Coimbra na bênção dos finalistas e suas pastas Do texto evangélico que escutámos destaco uma frase que, não parecendo significativa, resume o que de mais importante acontecia naquele momento da aparição de Jesus Ressuscitado: “Abriu-lhes o entendimento para compreenderem”. Do lado dos Apóstolos havia surpresa, alegria, dúvida… Da parte do Senhor prevalecia o desejo de os ajudar a compreender o que Deus pretendia permitindo a Morte de seu Filho e garantindo agora o triunfo da sua Ressurreição. O mesmo propósito encontrámos na primeira leitura ao escutarmos S. Pedro convidando os ouvintes a perceberem quem eram eles, os discípulos de Jesus de Nazaré, e a abrirem-se aos motivos da fé que os animava. É este também o meu desejo: reflectir convosco durante alguns minutos sobre o sentido cristão de uma bênção de finalistas e suas pastas. Continuando Cristo e os seus Apóstolos, é isto que a Igreja tem procurado ao longo de séculos: olhar a vida numa visão de fé. E que nos diz a fé cristã a respeito de um gesto de bênção num final de curso, gesto realizado livremente por vós numa igreja católica? Não me sentirei melindrado se algum dos presentes me disser que veio tão somente por motivos de tradição, de camaradagem com os colegas de curso, de gosto pelas festa… Não me sentirei melindrado. Mas permiti que me detenha a reflectir convosco o alcance cristão do que fazemos aqui. Para o atingirmos é-nos pedido que aceitemos a concepção cristã da sociedade e do serviço de uma profissão. Que significa a bênção da pasta? Significa a bênção da pessoa que alegremente segura essa pasta, símbolo de um final de curso e começo de uma carreira profissional. E porquê abençoar estas pessoas? Se abençoar é, antes de mais, bendizer, então, caríssimos jovens, a Igreja convida-vos a bendizer a Deus por tudo o que vos trouxe até este dia. Sim, sem Deus nada disto tem sentido.. Mas, acreditando nele como fonte de vida e Pai que nos acompanha, agradecemos-Lhe a saúde e a inteligência que vos deu e vos possibilitaram um diploma; agradecei-Lhe os Pais e a família que vos encaminharam com empenho até esta hora e talvez com sacrifício; bendizei a Deus pelos mestres e colegas que vos apoiaram na carreira académica, sem esquecer os funcionários que discretamente vos serviram. Bendizemos todos a Deus que nos quer em sociedade, sociedade que vos seguiu com interesse e agora espera o vosso serviço competente e dedicado, e bom será que o presteis em moldes cristãos. Disse há pouco que este gesto de bênção supõe a visão cristã da sociedade. Provavelmente começam já a encher os vossos ouvidos e a aumentar as vossas preocupações algumas palavras como estas: mercado de trabalho, concorrência, lugar a concurso, contrato. Estas são realidades que não podemos ignorar mas quase nos representam uma batalha de rivais. Ora, a visão cristã da sociedade é bem diferente: Para Deus, essa sociedade que desejais servir é urna grande família, a família dos seus Filhos, onde os indivíduos hão-de ser pessoas, pessoas que Ele conhece e ama, pessoas que Ele deseja felizes, numa felicidade sem fim. Se nesta família o Evangelho salienta alguns, são aqueles que os seus irmãos esquecem, os pobres, os doentes, os desempregados, os que não têm voz. Não os desprezeis, a esses filhos da família humana, a quem Deus tem mais amor. Ides encontrar muitos no exercício da vossa profissão. E que é ele, o vosso serviço profissional, numa perspectiva cristã? Nesta visão de fé em que nos detemos, ele há-de ser, logicamente, uma colaboração com Deus. Com Deus que vos quer felizes no desabrochar das vossas aptidões e no rendimento do vosso primeiro trabalho, felizes na abundância do pão familiar, mas felizes sobretudo porque ajudais os outros a serem felizes também. Como médicos, farmacêuticos ou professores, como defensores da justiça ou organizadores da política e da economia, como projectistas ou garantes das engenharias em que nos movemos, como artistas ou comunicadores da verdade e dos acontecimentos, Deus promete-vos que sereis tanto mais felizes quanta mais vida e felicidade garantirdes a outros. Por isso, abençoar-vos significa pedir a Deus que vos ilumine e acompanhe nesta missão ao longo de muitos anos . Que vos ajude a vencer tentações de egoísmo, de fraude, de desrespeito pelas vida, de traição aos colegas, de esquecimento dos compromissos. E isto a bênção dos finalistas e das suas pastas num final de curso, que abre para um começo de carreira. Praza a Deus que a sociedade seja também para vós uma família e vos receba com estímulos e não só com exigências. Assim sendo, nenhum de nós olhará a bênção como gesto mágico, a pedir sorte para si mais que para os outros. Bênção de finalistas: ela é oferta e é promessa. Oferta de acção de graças pelo curso que termina, pela possibilidade de bem servir que vos enche de sonhos o coração. Ela é promessa. Vossa? Sem dúvida. Mas também e maiormente promessa que Deus faz de vos acompanhar. Colaborai com Deus, que Deus há-de colaborar convosco. + Albino Cleto, Bispo de Coimbra Consagração dos Quintanistas Senhor Jesus No momento solene em que nos despedimos da Universidade aqui vimos pedir-Te perdão dos nossos pecados e agradecer-Te a vida, a alegria e a luz que durante estes anos de Ti recebemos. Na Tua presença recordamos os professores, funcionários, colegas e amigos, vivos e mortos com quem durante estes anos convivemos. Pedimos, Senhor, a Tua Bênção para esta Coimbra que vamos deixar e que as nossas fitas jamais esquecerão. Senhor Jesus À luz da Tua Palavra e da Tua Graça queremos, como irmãos modelar o nosso presente e futuro a família, profissão e a sociedade. Por isso, perante Ti e na presença de Maria concebida sem pecado Padroeira da nossa Universidade queremos conscientemente e livremente, consagrar-nos a Ti. Consagramos a nossa profissão; Consagramos a nossa inteligência; Consagramos a nossa energia; Consagramos o nosso futuro; Consagramos a nossa vida. Senhor Jesus Com a Tua Bênção e a Tua Graça esperamos ser fiéis à Santa Igreja e louvar Deus Pai com o Testemunho da nossa palavra e das nossas obras.