Por um pacto global contra as desigualdades

LOC/MTC

Um novo apelo à solidariedade ativa e universal nos vem do Vaticano. O Papa Francisco reuniu-se no dia 5 de Fevereiro com economistas, ministros de finanças e banqueiros na busca de um pacto global contra as desigualdades e por uma melhor distribuição da riqueza.

Segundo dados da ONU, mais de 2/3 da população mundial vive em países onde cresceu a desigualdade, desde 1990 e 1% da população possui mais de 20% da riqueza mundial.

Para o Presidente da Pontifícia Academia de Ciências Sociais, o economista Stefano Zamagni, “necessitamos um pacto global para mudar as regras do jogo económico. É preciso deixar de pensar em corrigir as desigualdades a partir de baixo e não a partir de cima. As intervenções assistencialistas estiveram bem até um passado recente em que as desigualdades estavam sob controlo. A novidade dos últimos trinta anos é que são as regras e a estrutura das relações económicas, as que geram as desigualdades. Ainda muita gente pensa que os que estão mal, os que estão no fundo da escala social, não têm habilidade, não querem trabalhar, não se ajustam às mudanças,… e em parte é assim. Mas se outros são muito superiores, o seu enriquecimento nem sempre se deve a dotes especiais ou que tenham inventado algo de extraordinário”.

O papa referiu que muitos são superiores porque não tiveram escrúpulos morais em roubar impostos que deveriam servir para promover a saúde, a educação e formação dos que estão em baixo e foram desviados para paraísos fiscais, para ganâncias privadas e corporativas, dando aso à corrupção por parte das maiores empresas do mundo, muitas vezes em sintonia com os governantes e impedindo assim a possibilidade de desenvolvimento digno e sustentável de todos. Além disso, as pessoas empobrecidas, e trabalhadores em geral, em países muito endividados, têm cargas fiscais insuportáveis, imposições e cortes nos serviços sociais de diversa ordem, de modo a que os seus governos paguem dívidas e juros insustentáveis. Isto é uma co-irresponsabilidade.

É preciso acabar com os paraísos fiscais, com as evasões e lavagem de dinheiro que são roubos à sociedade pondo em causa o bem comum, bem como aliviar as dívidas dos países pobres, para que possam sair do sufoco em que se encontram. O papa referiu ainda que se podem gerar e estimular dinâmicas capazes de incluir, alimentar, curar, vestir os últimos da sociedade em vez de os excluir, porque não há falta de recursos. O nível de riqueza e tecnologia conseguidos pela humanidade, assim como a importância e valor que adquiriram os direitos humanos, já não admitem desculpas. A LOC/MTC continua a achar que é através dos salários que melhor se pode distribuir a riqueza gerada.

O papa Francisco recordou ainda que, há mais de 70 anos, a Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas comprometeu todos os Estados Membros a cuidar dos pobres na sua terra e em todo o mundo, isto é, na casa comum, e que estes objetivos estão ao nosso alcance imediato.

A solidariedade é um dos três pilares da Doutrina Social da Igreja, juntamente com a subsidiariedade e o bem comum.

Fevereiro de 2020

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