Pontifício Colégio Português em Roma celebra história ao serviço da Igreja

O Pontifício Colégio Português em Roma comemora este fim-de-semana os seus 105 anos de vida, a que se juntam as celebrações do 30º aniversário da inauguração da nova sede do Colégio e da presença e serviço das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora das Vitórias. Presentes estarão o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Jorge Ortiga, e o Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, que presidirão às cerimónias comemorativas. O Pontifício Colégio Português, propriedade da Conferência Episcopal Portuguesa, depende da Santa Sé e do Episcopado Português, sendo o Reitor nomeado pela Santa Sé através da Congregação da Educação Católica sob proposta dos Bispos de Portugal. Fundado para receber os presbíteros que, de Portugal ou de outras nações, são designados e enviados para Roma pelos seus Bispos ou Superiores para completar e aprofundar os seus estudos nas várias áreas do saber humano e teológico, esta casa lusitana em Roma, hoje com um carácter universal, acolhe actualmente 43 Presbíteros residentes de 12 nacionalidades diferentes. Conta, ainda, com o trabalho de uma comunidade de 5 irmãs da Congregação das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora das Vitórias. O Reitor do Colégio, Pe. José Cordeiro, revela à Agência ECCLESIA que estas comemorações visam “recordar o espírito de serviço” que marca a instituição ao longo da sua história. Este responsável sublinha a atenção com que a vida do Colégio é seguida “por parte dos Bispos, dos antigos alunos, da Conferência Episcopal em primeiro lugar, porque todos se sentem muito ligados a esta casa”. A importância do Colégio em Roma pode ser avaliada pelas palavras que João Paulo II proferiu em 1985: “a história da Igreja em Portugal e noutros territórios e Nações de expressão portuguesa, neste século, não poderá ser escrita sem referir a participação que nela tiveram os antigos alunos do Pontifício Colégio Português que conta no seu álbum de honra três Cardeais e quarenta e oito Bispos, sem esquecer os outros quase seiscentos servidores do Povo de Deus, em actividades de grande responsabilidade e, graças ao Senhor, com frutos e projecção que perduram”. Esta presença particular em Roma, “grande observatório da catolicidade”, torna-se pelo seu trabalho “um rosto visível da internacionalidade da Igreja”, como refere o Reitor do Colégio. Na passada quarta-feira, após a audiência geral, o Papa Bento XVI – que conheceu o Colégio nos seus anos de Cardeal da Cúria Romana – deixou uma saudação especial a todos os que aí residem e trabalham, “manifestando a sua estima pela instituição”, como revela o Pe. José Cordeiro. Programa – Sábado, 15 de Outubro Visita ao Palácio Alberini, primeira sede do Colégio, edifício fechado desde 1975; 11h00 – Eucaristia presidida pelo Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo; 12h30 – Almoço e homenagem às Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora das Vitórias e aos antigos Reitores do Colégio; 2h00 – Igreja de Santo António dos Portugueses – concerto com “Ançãble” Vocale. – Domingo, 16 de Outubro 17 h00 – Igreja de S. António dos Portugueses – Eucaristia presidida pelo Arcebispo Primaz de Braga e Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Jorge Ortiga. Nota histórica O Pontifício Colégio Português é uma instituição eclesiástica fundada pelo Papa Leão XIII através da Carta Apostólica “Rei catholicae apud lusitanos” de 20 de Outubro de 1900. Destina-se a acolher os clérigos portugueses que, após a ordenação, são enviados pelo seu Bispo ou Superior a aprofundar a sua formação humana, intelectual, espiritual e pastoral, particularmente através da frequência de alguma das Universidades ou Ateneus Pontifícios. A fundação do Colégio foi obra duma Comissão de eclesiásticos e leigos que reuniu, pela primeira vez, em Roma, nos aposentos dos Viscondes da Pesqueira, para criar um Colégio Português destinado à formação de clérigos “tanto do Reino como do Ultramar”. Além dos Viscondes, o Senhor Luís Maria de Sousa Rebelo Vahia e esposa D. Maria Adelaide Pinto da Silva, desta Comissão faziam parte: D. António José de Sousa Barroso (então Bispo de Meliapor e depois do Porto); Mons. José de Oliveira Machado (Reitor de S. António dos Portugueses); o Cavaleiro António Braz; e os padres estigmatinos italianos Gui Guzzatti e Ricardo Tabarelli. Decidiram que nenhum aluno seria admitido sem autorização do bispo próprio; que os primeiros alunos seriam recebidos gratuitamente; e que o director do Colégio seria o Padre Tabarelli. Dias depois D. António Barroso falou do projecto ao Papa Leão XIII, que recebeu os Viscondes (18.7.1898) e dia 22 de Janeiro de 1899 o Cardeal Secretário de Estado escrevia à Comissão Promotora exortando a avançar com o projecto. Com o apoio da Santa Sé, a Comissão procurou a anuência dos Bispos Portugueses e do próprio Rei para obter a erecção canónica que só viria a ser concedida no dia 20 de Outubro de 1900. Na expectativa da criação do Colégio, já em Novembro de 1898, um núcleo de 4 alunos portugueses reuniu-se nas instalações de Santo António dos Portugueses; porém, o Colégio Português como tal só começou a sua actividade com o ano escolar 1899-1900, abrindo no dia 11 de Novembro de 1899, há precisamente 103 anos. Iniciou com 12 alunos portugueses e a sua primeira sede foi a Casina de Rafael, no jardim da “Villa Borghese” em Roma. A missa inaugural foi celebrada por D. Teotónio Vieira Ribeiro de Castro, bispo de Meliapor, que consagrou o Colégio ao Sagrado Coração de Jesus. A direcção da casa foi confiada aos Padres Estigmatinos e, a partir de Janeiro, a Mons. José de Oliveira Machado que assegurou a direcção do Colégio até ser escolhido e nomeado oficialmente pela Santa Sé o primeiro Reitor do Colégio na pessoa do ilustre sacerdote italiano Mons. Tiago Sinibaldi, que a seguir viria a ser bispo Secretário da Congregação dos Seminários. Em resposta ao pedido dos Viscondes da Pesqueira, no dia 20 de Outubro de 1900, o Papa Leão XIII, com a Bula “Rei Catholicae apud Lusitanos”, erigiu canonicamente o Colégio Português em Roma, aduzindo as seguintes motivações e determinando a sua finalidade: “… para maior glória de Deus, para aumento da Religião Católica, para esplendor e utilidade do ínclito Reino de Portugal, pelas presentes Letras, fundamos e constituímos em Roma, sob a nossa autoridade e tutela e dos Nossos Sucessores, o Colégio Eclesiástico Português e queremos que goze dos mesmos privilégios de que gozam os outros Colégios Pontifícios Eclesiásticos de Roma. Para manifestar mais claramente a nossa benevolência para com o Povo Lusitano … é Nossa resolução provê-lo a expensas Nossas, de um edifício apropriado”. Os viscondes foram os grandes benfeitores do Colégio, comprometendo-se perante o Papa Leão XIII a dotar o Colégio de 1000 liras mensais durante a vida e o capital para assegurar in perpetuum a mesma renda, promessa que viriam a executar no dia 26 de Julho de 1919. Pela ligação à família Pesqueira e por ter feito notar a urgência da formação do clero português, a Beata Maria do Divino Coração de Jesus (Maria Droste zu Vischering), grande mística alemã e promotora da devoção ao Sagrado Coração de Jesus, está de algum modo ligada à fundação do Colégio. Nova sede O Papa Leão XIII concedeu magnanimamente ao Colégio o uso do Palácio Alberini situado na via Banco Santo Spirito. Foi neste edifício, propriedade da Santa Sé, que o Colégio funcionou até final do ano lectivo 1973-1974. O Papa Paulo VI, generosamente, oficializou a dádiva do Palácio Alberini aos Bispos Portugueses para sede do Colégio. Assim, obtida a propriedade do edifício, achou-se por bem vender-se o antigo no dia 16 de Março de 1973 e, com o produto da venda e a ajuda da arquidiocese de Colónia, construir-se um novo, para o qual já o Papa Paulo VI, no dia 13 de Maio de 1967, em Fátima, tinha benzido a primeira pedra. A nova sede do Colégio em Outubro de 1975, apenas com seis alunos. Também, nesse mesmo ano, no dia 4 de Outubro de 1975, começaram a trabalhar no Colégio as beneméritas Irmãs da Congregação das Franciscanas de Nossa Senhora das Vitórias, substituindo a Congregação das Irmãs de S. José (de Chambéry) que desde 1938 até 1974 tão dedicadamente serviram na antiga sede do Colégio. O Colégio é uma pessoa jurídica reconhecida pelo Estado Italiano com Decreto do Chefe do Estado e está legalmente inscrito no Registo das Pessoas Jurídicas do Tribunal de Roma, com data de 22 de Julho de 1987. O Reitor do Colégio é também o seu representante legal. www.lusitanum.org

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