PolisGuarda apresentou candidatura relacionada com a igreja de S. Vicente

Restauro dos 18 painéis de azulejos pode ser pago por Fundação nacional Os azulejos das paredes interiores da igreja de S. Vicente, que estão muito degradados e necessitam de uma intervenção de restauro urgente, podem vir a ser recuperados através de uma candidatura que o Programa PolisGuarda apresentou a uma Fundação de âmbito nacional, soube o Jornal A Guarda junto do director executivo, António Saraiva. Atribuídos ao séc. XVIII, os vários painéis de azulejos, da autoria do artista conimbricense Sousa Carvalho, representam cenas da vida de Nossa Senhora e da Paixão de Cristo. A iniciativa da recuperação e valorização dos painéis de azulejos, que envolve um investimento de 118 mil euros, partiu do director do PolisGuarda, após verificar que era urgente intervir na igreja de S. Vicente e que a paróquia não possuía capacidade financeira para tal. Segundo António Saraiva, houve um primeiro contacto com a Fundação que consistiu na elaboração de um processo base “com a proposta e historial dos painéis”. “Posteriormente, fomos contactados pela Fundação, dizendo que poderia ser um trabalho por sí apoiado, dado que tinha intervido noutros locais, neste tipo de património. Foi solicitado um dossier exaustivo sobre o tipo de intervenção e a equipa que iria fazer o trabalho, bem como toda a metodologia a aplicar”, contou. “A candidatura seguiu no mês de Maio, após a recolha de todos os elementos solicitados e, aguardamos agora a resposta por parte dessa Fundação de renome nacional”, referiu António Saraiva. A pedido do PolisGuarda, esteve na cidade uma equipa que fez o levantamento do local e verificou tudo o que era necessário, que realizou “um estudo completo sobre a situação dos azulejos e sobre qual a intervenção necessária para restaurar e consolidar todos os painéis”. Restauro total A intervenção prevista para os 18 painéis, que totalizam mais de 8 mil azulejos, prevê o restauro de todos eles, através da recuperação dos que estão danificados – foi encontrada uma caixa que continua muitos que foram caindo com o passar dos anos – e a reprodução daqueles que não existem. A metodologia a seguir contempla que os azulejos sejam todos retirados do lugar original e tratados num estaleiro específico, sendo posteriormente afixados no local original. A sua fixação será feita com recurso “a massas específicas para o efeito”, uma vez que segundo António Saraiva “um dos problemas [que originou a queda dos azulejos] deve-se ao material utilizado na fixação inicial”. “Daí eles terem caído e soltarem-se”, explicou. O director executivo do PolisGuarda adiantou que a mesma equipa, “vai fazer todo o trabalho de levantamento exaustivo, painel a painel, em termos de fotografia, para que fique em arquivo e para se poderem publicar”. A equipa escolhida para realizar os trabalhos “é credenciada e de currículo reconhecido”. “Já teve intervenções no Palácio da Pena (Sintra)”, lembra o mesmo responsável. Para além da recuperação dos azulejos, a mesma candidatura contempla outros trabalhos de valorização do interior da igreja de S. Vicente, nomeadamente a instalação de uma iluminação específica (devidamente cuidada e que não danifique os painéis), a elaboração de uma brochura promocional, reabilitação de pavimentos, tectos e paredes e a aplicação de um sistema de climatização, térmico e acústico. Se a candidatura for bem sucedida, como espera António Saraiva, as obras de restauro levarão cerca de um ano a realizar, “desde o levantamento à sua nova aplicação”, estando também contemplada a feitura de um levantamento fotográfico e fotogramétrico (reprodução gráfica dos desenhos). O restauro dos azulejos do templo religioso é desde há muito, defendida pela paróquia de S. Vicente, pois como referiu o seu pároco, Abel António Albino, “os azulejos estão a registar uma degradação galopante e podem correr o risco de se perder, se não forem intervencionados”. O sacerdote reconhece que “o estado de degradação já é avançado, mas a igreja merece ser restaurada, porque [a azulejaria] é uma pequenina jóia de arte que ali está”. A paróquia não tem possibilidade de suportar os custos elevados da obra, mas tem vindo a efectuar intervenções menos dispendiosas. Neste momento, estão em curso os trabalhos de recuperação das portas principal e lateral norte, e de reposição da porta da torre e lateral sul, do templo religioso, datado do séc. XVIII. A igreja de S. Vicente, localizada no Centro Histórico da Guarda, está classificada como Imóvel de Interesse Público pelo Decreto-lei nº 28/82 de 26/02/1982.

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