Fundador da Impossible – Passionate Happenings considera que os números da pobreza hoje divulgados «não correspondem à verdade»
Lisboa, 17 out 2019 (Ecclesia) – Henrique Pinto, fundador da Impossible – Passionate Happenings, defendeu neste Dia Internacional pela Erradicação da Pobreza que as “pessoas não estão a mudar de vida” e assim “ninguém consegue romper os ciclos de pobreza”.
“Ninguém se interessa pela história dos que perderam o emprego, perderam os amigos, os que vivem na rua, onde alguns estão há décadas, e ninguém consegue romper estes ciclos de pobreza. As pessoas não estão a mudar de vida e o país não faz o que devia”, disse em declarações à Agência ECCLESIA.
Henrique Pinto estava na organização do encontro “Uma laje. Um compromisso”, um evento a assinalar este dia pela Erradicação da Pobreza, e onde o programa contemplava vários testemunhos de pessoas em situação de pobreza.
“Os dados que diziam que os números da pobreza nunca estiveram tão baixos, divulgados neste dia, não correspondem à verdade, ainda hoje neste auditório houve pessoas a gritar e a pedir ajuda”, disse.
O também professor da Universidade Lusófona aponta ainda que existem “teias de desigualdade” e os poderes não conhecem a realidade da pobreza em Portugal.
“Estes são números montados à mesa de trabalho, números que têm pouca correspondência com a realidade dos portugueses… faz falta ouvi-los porque só se ouvem os poderes políticos, aqueles que não conhecem a realidade”, critica.
O fundador da Impossible – Passionate Happenings aponta o consumismo como um “flagelo”.
“Dentro da Impossible – Passionate Happenings dizemos que não é possível erradicar a pobreza sem que se mude de estilo de vida, porque mesmo endividados continuamos a consumir, sejam férias, carros ou vidas de ‘show off’ e continuamos com o consumismo que é um flagelo”, desabafa.
Henrique Pinto estava responsável por uma conferência da tarde intitulada “Abandonados: os que deus e o mercado continuam a deixar para trás em nome do progresso”, adiantou à Agência ECCLESIA que estes abandonados são os “que não conseguem ter voz” nem direitos iguais.
“Há o primeiro direito que é para todos: o direito à terra e daí nascem entretanto os outros, desde o direito à coabitação e pertença, e se queremos melhorar alguma coisa na nossa vida ou na vida dos outros, temos de partir do chamamento ético, poder olhar de igual para igual e coabitar, este que é anterior a qualquer tipo estado social ou contrato social”, conclui.
O encontro terminou na rua Augusta, em Lisboa, num momento de sensibilização que conta com música, dança e encenação e a presença do vereador da Educação e dos Assuntos Sociais da Câmara Municipal de Lisboa e do Administrador da Ação Social da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
SN