Um conjunto de peritos em restauro, proveniente da Escola de Veneza – uma credenciada instituição de Itália – estiveram em Vila do Conde a recolher diversas amostras para avaliar o estado em que se encontra a fachada da igreja Matriz, designadamente o seu belo portal, anunciou ontem em nota à imprensa a Câmara Municipal local. Recorrendo a compostos químicos de silicato de potássio e silica fumada, o grupo de especialistas, coadjuvado por António Caetano, vereador da autarquia, analisou tecnicamente diversas questões, as quais vão ser agora monitorizadas. Esta operação, de acordo com a Câmara de Vila do Conde, surge na sequência «da excelente relação» que mantém com o Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR) e com a paróquia de S. João Baptista. Relação, através da qual, «tem sido possível articular esforços que conduzam à identificação de soluções técnicas e financeiras que garantam a necessária manutenção e conservação da secular igreja Matriz de Vila do Conde», sustenta a autarquia. As acções de identificação e caracterização das patologias do portal da fachada principal daquele belo Monumento Nacional, tendo em vista a sua «exigível recuperação », ocorrem, segundo a Câmara de Vila do Conde, no momento em que se encontram em conclusão os trabalhos de recuperação dos vitrais das fachadas. Mais adianta que, as experiências testadas procuram definir a melhor metodologia que conduza à efectiva estabilização do granito das fachadas da igreja Matriz. A autarquia sublinha na mesma nota que se mantém «a necessária atenção» a este assunto de interesse municipal, para mais numa altura em que passa a ser exigível a intervenção da Câmara Municipal em projectos a apresentar a fundos da União Europeia, através do próximo Quadro de Referência Estratégia Nacional (QREN). A igreja Matriz de Vila do Conde é um edifício manuelino construído entre os séc. XV e XVI, com a fachada principal ladeada por torre sineira do séc. XVII. O templo apresenta um formoso pórtico de autoria atribuída a João de Castilho. O interior, composto por três naves, é coberto por tecto em madeira. As naves são separadas por quatro arcos de volta inteira assentes em pilares com capitéis. A cabeceira é abobadada de pedra, polinervada. Para além dos luminosos e coloridos vitrais, destaque ainda para a pia baptismal do séc. XVIII, os azulejos da capela de Nossa Senhora dos Mareantes do séc. XVIII, a imagem de S. João Baptista em calcário de Ançã, os retábulos detalha dourada e um magnífico púlpito em pau-preto.