Pentecostes… com o Cardeal Turkson

Tony Neves, Missionário Espiritano

A Comunidade do Generalato Espiritano, em Roma é suficientemente grande para que o Pentecostes seja momento celebrativo por excelência. O Cardeal Peter Turkson, Prefeito do Dicastério do Desenvolvimento Humano Integral, respondeu ao convite e presidiu. Jogou em casa, tal a relação que mantém com os Espiritanos desde o Gana, seu país natal. Numa Missa cantada e rezada em muitas línguas, o Cardeal Turkson falou na coragem de anunciar o Evangelho até ao ponto de dar a vida, com a força do Espírito. E, mais tarde, a conversa recaiu sobre o ‘Ano Laudato Si’ que desembocaria na ‘Plataforma Laudato Si’.

É Pentecostes. O Espírito que pairava sobre as águas na manhã da criação (Génesis) é o mesmo que ungiu e enviou o Servo de Yahvé a anunciar a boa nova aos pobres e a libertação aos cativos (Isaías). E Jesus cumpriu esta Missão (Lc 4, 16-21). Foi Ele que mudou o coração de pedra em coração de carne (Ezequiel) e encheu Isabel de alegria quando Maria a saudou. O Espírito fecundou o seio de Maria e Jesus nasceu. Conduziu-O ao deserto para a vitória sobre as tentações. A manhã de Pentecostes marca o dia um da Igreja que contará sempre com a sua força, luz e coragem, levando os apóstolos pelos caminhos do mundo a anunciar o Evangelho. Sendo um único o Espírito são muitos os seus dons e carismas. Ele gera unidade e impele à Missão: ‘Ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo’ (Act 1, 8).

O Superior geral dos Espiritanos, P. John Fogarty, na sua Mensagem de Pentecostes, a sua última, partilhou visitas onde ele viu o Espírito a actuar em força: ‘Alguns destes momentos, que tive o privilégio de partilhar durante o meu mandato, viverão comigo durante muitos anos. Ainda posso ver a alegria espontânea radiante nos rostos das pessoas, jovens e idosos, numa aldeia Marwari esquecida no Paquistão, à chegada de um confrade muito amado e estimado, pois ele e o mais velho da aldeia, humoristicamente, seriam os primeiros a tocar na sandália um do outro, a forma tradicional de mostrar respeito. Posso recordar vivamente uma manhã profundamente espiritual passada com um pequeno grupo de pessoas marginalizadas com várias deficiências numa aldeia da Papua Nova Guiné e o apelo da jovem cega que se sentou ao meu lado para que nunca lhes fosse tirado o confrade que tanto tinha feito para restaurar a sua dignidade e dar-lhes esperança no seu futuro’.

Um dos fundadores dos Espiritanos, o P. Francisco LIbermann, deixou uma Oração que continua a ser uma inspiração: ‘Santo e adorável Espírito, fazei-me escutar a vossa amável voz, refrescai-me com o vosso divino sopro. Quero ser para Vós como leve pena, a fim de que o vosso sopro me conduza para onde quiser e eu não lhe ofereça a menor resistência’. E Pedro Valinho Gomes escreveu uma canção cuja letra fala dos Missionários empurrados pelo Espírito: ‘Eu sei de uma pomba que voa na terra, Lançada ao vento, levando o alento Aos homens em guerra! Sei de uns mensageiros de paz e perdão, Que dão sua voz aos homens sem vez, Sem esperança, sem pão! E à mesa de Deus reúnem os povos, Partilhando o pão e a fome de todos.  São vidas, semente da nova cidade, da mesa do povo de Deus, arautos de uma novidade. são vidas doadas num gesto de amor nos braços da brisa de Deus, imagem de Cristo Senhor!’.

Regresso ao Cardeal Turkson. Uma das iniciativas do Papa Francisco confiadas ao Dicastério do Desenvolvimento Integral foi o Ano Laudato Si. A consciência de que tudo está interligado e de que é urgente amar os pobres e respeitar a natureza, levou o Papa a publicar a ‘Laudato Si’ e a bater-se pelas ideias que constam nesta encíclica social. O Cardeal Turkson faz um balanço muito positivo deste Ano Laudato Si agora concluído e aposta forte na ‘Plataforma Laudato Si’. Remeteu para as palavras que o Papa pronunciou na oração da Regina Coelis. É uma Plataforma em que ninguém pode ficar de fora.  Disse: “É um caminho que devemos continuar juntos, ouvindo o clamor da Terra e dos pobres. Por isso, terá início imediatamente a ‘Plataforma Laudato si’, um percurso operativo de sete anos, que guiará as famílias, as comunidades paroquiais e diocesanas, as escolas e as universidades, os hospitais, as empresas, os grupos, os movimentos, as organizações, os institutos religiosos a assumir um estilo de vida sustentável.’

Como escreveu D. Antonino Dias, o Espírito Santo é ‘elegantemente afável. Tem um agir muito próprio. Não fala de si próprio. Nunca ninguém o ouviu falar. Fala-se muitíssimo dele, é verdade, mas nunca ninguém o viu. Não se evidencia, vive em família, em comunidade, discretamente, como se não existisse. A sua presença, porém, experimenta-se, vive-se, usufrui-se, produz frutos em abundância, provoca alegria e paz’.

 

 

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