D. António Juliasse presidiu à Missa do Domingo de Ramos e lembrou o sofrimento na Província de Cabo Delgado, nomeadamente no distrito de Palma
Pemba, Moçambique, 28 mar 2021 (Ecclesia) – O administrador apostólico da Diocese de Pemba afirmou hoje que a “justiça numa nação é inegociável”, lembrou que “tudo o que é violência deixou de ser religião” e pediu que a guerra na região termine “quanto antes”.
“Confiaremos a Jesus para que ele coloque o sofrimento da nossa Província de Cabo Delgado junto do Pai e pronuncie a palavra da misericórdia para que sejamos transformados todos desde dentro, para que esta guerra que ninguém entende e maltrata a todos termine quanto antes”, afirmou D. António Juliasse.
Na homilia da Missa do Domingo de Ramos, transmitida através da rede social Facebook, o administrador apostólico Pemba e bispo auxiliar de Maputo lembrou os governantes do país e sublinhou a necessidade de garantirem a justiça para que todo o povo “seja preservado dos males” e ninguém seja excluído, nem “ao nível político nem material”.
“A justiça numa nação é inegociável. Um líder que não pratica a justiça deixa de ser verdadeiramente líder”, afirmou.
D. António Juliasse indicou que “os governantes devem olhar para o mais pobres, para os mais pequenos e fazer com que saiam da condição de pobreza”.
“Que não haja uns privilegiados e outros simplesmente excluídos, por razões religiosas, políticas, étnicas ou até regionais”, disse o administrador apostólico de Pemba.
Para o também bispo auxiliar de Maputo, os líderes religiosos não podem fomentar a violência, porque “não existe a religião da violência”, e quem governa não pode “lavar as mãos” como Pilatos, porque “lavar as mãos é condenar o inocente”.
“Se um dirigente lava a mãos, condena por essa via todo o povo que ele governa”, sustentou.
Os conflitos armados na região de Cabo Delgado, no Norte de Moçambique, já provocaram mais de 700 mil deslocados e de duas mil mortes e estão na origem de uma crise humanitária que se vem agravando desde 2017.
Na última quarta-feira, os ataques terroristas intensificaram-se no distrito de Palma, que levaram 1800 pessoas a fugir da região por barco, este sábado, a maioria trabalhadores no projeto de gás natural.
“Deus nos mostre um outro caminho, não o da violência, não o caminho da crueldade, mas o caminho do amor, da fraternidade”, sublinhou D. António Juliasse.
No fim da celebração, o administrador apostólico de Pemba expressou a sua “comunhão com os irmãos no distrito de Palma” e convidou os católicos da região à participação nas celebrações da Semana Santa através da rádio e das redes sociais, na impossibilidade de o fazer presencialmente por causa da suspensão do culto devido à pandemia Covid-19, a começar pela Missa Crismal, celebrada na Diocese de Pemba na terça-feira.
PR