Pedrogão Grande: Aldeia da Graça recorda «bola de fogo que apanhou tudo à frente»

A força do vento e as dificuldades de acesso favoreceram uma tragédia que «vai levar muito tempo a sarar»

Pedrogão Grande, 20 jun 2017 (Ecclesia) – A aldeia da Graça foi uma das localidades mais tocadas pelo incêndio no Concelho de Pedrogão Grande, que de acordo com os últimos dados causou pelo menos 64 mortos e 157 feridos.

Em entrevista Agência ECCLESIA, no local, Pedro Pereira, tesoureiro da Junta de Freguesia da Graça, realça “uma situação lamentável”, que “vai levar muito tempo a sarar”, pela “perda de vidas humanas”.

Aquele responsável recorda todos quantos “perderam os seus familiares e amigos” e assegura que tudo será feito para “tentar ajudar as populações” a retomarem as suas vidas.

“Agora vai ser dramática a questão dos funerais, a seu tempo, toda esta situação é complicada. Mas depois vamos tentar fazer o melhor”, salienta.

O incêndio terá tido origem ao início da tarde de sábado, na localidade de Escalos Fundeiros, em Pedrogão Grande, e depois alastrou para os concelhos vizinhos de Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pêra, no Distrito de Leiria.

As chamas atingiram também o Concelho da Sertã, no Distrito de Castelo Branco, numa situação que mobilizou mais de dois mil bombeiros de todo o país.

“Foi uma coisa inexplicável, ventos muitos fortes como não há memória, mesmo das pessoas mais antigas, fizeram uma bola de fogo e essa bola de fogo evoluiu muito rapidamente. E apanhou tudo o que havia à frente, consumiu tudo, casas, os haveres das pessoas, tudo”, recorda Pedro Pereira.

Além das pessoas que perderam a sua vida para o fogo, ou que ficaram feridas, estão contabilizadas dezenas de pessoas deslocadas e um número ainda indeterminado de casas e de viaturas destruídas.

“Tudo propagou muito rapidamente, com ventos fortíssimos que fizeram a projeção do fogo com uma dimensão, uma rapidez, uma força impressionantes, que apanhou as populações desprevenidas”, relata o tesoureiro da Junta de Freguesia da Graça, uma das localidades evacuadas devido ao avanço das chamas.

A dificuldade ao nível dos acessos aos locais, por parte dos bombeiros, obrigou as pessoas a “socorrerem-se com o que tinham, sufocadas pelo fumo intenso e pela dificuldade em respirar”.

Uma calamidade que os habitantes só agora começam a ter “noção” e que Pedro Pereira admite ainda “pode aumentar”, com o “levantamento que as autoridades estão a fazer no terreno”.

De acordo com o Ministério da Administração Interna, mais de metade das 64 vítimas mortais já foram identificadas.

No que toca ao número de feridos, pelo menos sete estão em estado grave: uma criança, dois civis e quatro bombeiros que combatiam os incêndios.

JCP

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