Pecados novos e antigos

A notícia de que os actos de passar demasiado tempo a ler jornais, a ver televisão ou a navegar na Internet poderiam configurar alguns dos «novos pecados» de que se falou no Vaticano, esta Terça-feira Santa, despoletou uma grande onda de reacções e comentários. O Rito da Reconciliação, na Basílica de São Pedro, foi presidido pelo Cardeal James Francis Stafford, Penitenciário-Mor do Vaticano, retomando uma celebração que era tradicional em Roma até ao Renascimento. Os fiéis presentes na Basílica foram convidados a um momento comunitário e pessoal de penitência. Como a Agência ECCLESIA noticiou na altura, durante a cerimónia foi apresentado um longo elenco de perguntas para responder, em exame de consciência, antes de aproximar-se ao sacramento da Reconciliação, colocando em causa pecados «velhos e novos». Entre essas perguntas estava uma relativa ao uso do tempo, comparando o investimento nos «media» com o que se faz para “meditar e ler a Sagrada Escritura” – prática que a Igreja recomenda, mesmo para cumprir os preceitos penitenciais próprios da Quaresma e da Semana Santa. O texto falava numa “quantidade de tempo desproporcionada” (podendo configurar uma dependência), ocupado pelas actividades referidas, e convidava cada fiel a fazer o seu juízo a este respeito. De facto, na tradição da Igreja, o exame de consciência é um exercício espiritual que, à maneira de revisão de vida, recorda os actos bons e os maus, para agradecer a Deus os primeiros e lhe pedir perdão pelos segundos – mais que inventariar pecados, tem por objectivo progredir na santidade de vida. Na homilia da celebração, o Cardeal Stafford recordou que, durante a Semana Santa, a Igreja “pede que se reze pelo perdão”, embora muitas pessoas considerem, nos nossos dias, que o perdão “é algo muito difícil”. O «Rito pela reconciliação dos mais penitentes», com confissão e absolvição individual, foi uma inovação no programa da Semana Santa no Vaticano, introduzida por Bento XVI. João Paulo II costumava ir à Basílica de São Pedro, na Sexta-feira Santa, e confessar alguns fiéis. O tempo de preparação para a Páscoa, na conclusão do itinerário penitencial da Quaresma, é tradicionalmente vivido na Igreja como um tempo propício para a celebração da Reconciliação. Esta celebração comunitária, que exprime a “consciência da necessidade de pedir perdão pelos próprios pecados”, desenrolou-se em volta de algumas passagens da Sagrada Escritura, convidando “à conversão e o anúncio da misericórdia”. A cerimónia iniciou-se com uma procissão silenciosa, sendo seguida por uma Liturgia da Palavra, com homilia do Cardeal Stafford. O terceiro momento foi o Rito da Reconciliação, com uma fórmula de confissão geral dos pecados e a confissão individual, para a qual estavam disponíveis cerca de 60 sacerdotes. Notícias relacionadas • Escuridão do pecado e luz da Misericórdia

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