Presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz comenta mensagem do Papa para o primeiro dia de 2016
Lisboa, 31 dez 2015 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) afirmou que o Papa Francisco “carateriza as formas de indiferença” na mensagem do Dia Mundial da Paz 2016 que se verificam mesmo quando as pessoas “estão informadas”.
“A indiferença sempre se verificou, ao longo da história, mas nesta época da globalização, há uma globalização da informação mas também da indiferença. Nem sempre o facto de termos conhecimento daquilo que se passa no mundo nos leva a estar mais próximos espiritualmente das pessoas”, disse Pedro Vaz Patto, em entrevista à Agência ECCLESIA.
Para o Papa há uma “saturação que anestesia” que segundo o presidente da CNJP é uma indiferença que consiste em “querer ignorar as coisas, sobretudo aquilo que se passa longe”.
A mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz 2016 tem como título ‘Vence a indiferença e conquista a paz’ e foi publicada no dia 15 de dezembro.
Pedro Vaz Patto destaca que o Papa “distingue a indiferença perante Deus, o próximo e a criação”, no início da mensagem.
“A indiferença perante Deus como a primeira, aquela de que derivam as outras, porque nesta o homem considera-se como autor de si próprio, autossuficiente, reconhece apenas direitos”, desenvolve.
Segundo o presidente da CNJP, para além do “diagnóstico da indiferença”, a mensagem vale sobretudo pelo apelo que o Papa faz à “conversão do coração”, onde se “vence a guerra fria”, o “sentir forte o bater do coração” quando está em causa a dignidade humana que é “um reflexo da imagem de Deus nas suas criaturas”.
Neste contexto, o jurista observa que o apelo de Francisco é à conversão, “passar da indiferença à misericórdia”, um pedido no âmbito do Jubileu da Misericórdia, que a Igreja vive até novembro de 2016.
Na mensagem ‘Vence a indiferença e conquista a paz’, o Papa Francisco não “ignora” as guerras e os atentados terroristas de 2015 e também assinala como positivo “os acordos de Paris em relação às alterações climáticas” e a definição de “metas para o desenvolvimento sustentável” na ONU.
“São motivos para ter esperança e são reveladores de que o homem, com a graça de Deus, tem a capacidade para melhorar o mundo à sua volta”, afirma o presidente da CNJP, na entrevista publicada no Semanário digital ECCLESIA.
O entrevistado assinala também o “tríplice apelo” às nações mais poderosas, no final da mensagem: “Não arrastarem outros países para guerras ou conflitos; cancelamento da dívida ou gestão sustentável e políticas de cooperação não condicionadas a uma agenda ideológica”.
“O amor preferencial pelos pobres é um amor preferencial pelas nações mais pobres. O Papa deu esse exemplo ao abrir a Porta Santa na República Centro Africana, tornando-a a capital espiritual do mundo”, desenvolveu.
Francisco defende que os media e o mundo da cultura têm “responsabilidade” na educação das novas gerações e na formação da opinião pública.
Pedro Vaz Patto acrescenta que “a comunicação social é o primeiro passo para vencer a indiferença”, onde o direito à informação “não passa por cima de todos os outros direitos”.
Esta mensagem foi enviada para os Ministérios dos Negócios Estrangeiros de todo o mundo, designa a linha diplomática da Santa Sé em 2016 mas “há sempre” um aspeto que passa por cada pessoa.
“Tem de haver coerência entre aquilo que fazemos no nosso dia-a-dia e o que esperamos dos outros e dos responsáveis políticos”, sublinha o presidente da CNJP.
A entrevista vai estar em destaque na próxima edição do programa ‘70×7’, este domingo, na RTP2, em novo horário (13h30), e na Antena 1 da Rádio pública, a partir das 06h00.
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