Património: Reitores dos santuários receberam formação na área da conservação e organização dos seus arquivos

Locais de culto são «lugares de memória» a preservar, lembrou o professor Paulo Fontes

Fátima, Santarém 13 jan 2015 (Ecclesia) – A Associação dos Reitores dos Santuários portugueses concluiu, hoje em Fátima, um encontro de dois dias destinado à formação e sensibilização dos diversos responsáveis para a importância de uma boa organização e preservação dos seus arquivos históricos.

Em declarações à Agência ECCLESIA, o presidente da associação, padre Sezinando Alberto, destacou “a importância extrema” dos arquivos enquanto “memória e identidade” dos santuários.

“Temos de saber tratá-los para que possamos saber qual era a sensibilidade dos nossos antepassados, e também ter cuidado com os documentos que agora fazemos, organizá-los, arquivá-los, para que daqui a muitos anos outros também possam saber o que nós agora pensamos”, realçou.

“Arquivos religiosos para a memória e vivência ética / cristã futura”, foi este o tema que junto na Casa de Nossa Senhora do Carmo os reitores dos santuários portugueses.

A coordenar os trabalhos esteve o Centro de Estudos de História Religiosa (CEHR), da Universidade Católica Portuguesa, que atualmente está a avançar com um processo de inventariação e arquivo do espólio documental do Santuário do Cristo-Rei, em Almada.

Um arquivo com 70 anos que embora não estivesse descurado, carecia de organização de modo a poder ser devidamente consultado, não só por quem está à frente do local de culto mas também por estudiosos e por quem tenha o gosto pela investigação.  

Existem atualmente 161 santuários espalhados pelas 20 dioceses portuguesas, cada um com a sua espiritualidade, com as suas características, uns maiores, outros mais pequenos, alguns mais isolados, outros integrados em mosteiros ou igrejas, uns seculares, outros mais recentes.

Independentemente da condição de cada santuário, a primeira condição para uma boa preservação dos documentos e do espólio ali contido “é ganhar-se maior consciência da realidade que constitui os próprios santuários”, frisa o professor Paulo Fontes, do CEHR.

O historiador lembra que estes locais de culto “são não apenas lugares de peregrinação e de culto, são por natureza lugares de memória, que se inscreveram e definiram numa certa geografia, que estruturaram a devoção das populações de uma certa região”, de modo “transregional e mesmo em alguns casos supranacional”.

“Depois, este trabalho tem que se fazer hoje de modo articulado e profissionalmente capacitado”, complementa.

Ao longo da sessão, alguns reitores apontaram a falta de verbas e a falta de pessoal especializado para realizar o tratamento dos seus arquivos.

Neste âmbito, Paulo Fontes relevou a importância dos santuários estarem abertos à promoção de “parcerias” e “ao diálogo” com instituições que possam colaborar neste processo, desde “autarquias a comunidades religiosas ou civis, universidades a profissionais qualificados, passando pelo setor da cultura em geral”.

Importa é “estabelecer um trabalho de rede”, apontou o especialista.

JCP

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